Após confirmação do primeiro caso de sarampo no estado, 19 anos depois do último registro, oficializada no final do mês passado, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) reconheceu que o Rio Grande do Norte está em “surto” da doença. A condição é apontada nas composições do Ministério da Saúde para qualquer estado que tenha pelo menos um caso confirmado da doença e se estende até o que não seja identificado e não haja circulação do vírus pelos próximos 90 dias. A secretaria ainda não confirma o caso da criança de um ano e seis meses internada no Hospital Maria Alice Fernandes, na zona Norte de Natal. Segundo a Sesap, mais outros três casos suspeitos estão em investigação.
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira, 14, a subcoordenadora de vigilância epidemiológica da coordenação de promoção à Saúde da Sesap, Alessandra Lucchesi, disse que a confirmação do caso, que seria o primeiro entre crianças, ainda não pode ser feita. Apesar do exame realizado na noite desta terça-feira, 13, ter detectado o anticorpo IgM específico para vírus do sarampo, Lucchesi explica que o protocolo do diagnóstico estipula outras etapas (confirmação clínica e análise de vínculo epidemiológico). Uma amostra de secreção da garganta e narinas do paciente foi enviada para um instituto de excelência no Rio de Janeiro e somente um resultado positivo dessa análise poderá confirmar a doença. Entre transporte, processamento e análise, o trâmite pode durar até 10 dias.
Ainda segundo a Sesap, cerca de 50 pessoas que tiveram contato com a criança receberam o bloqueio vacinal para evitar a proliferação do vírus. Algumas pessoas que também tiveram contato com a criança não tomaram a vacina agora por já terem se vacinado em outra ocasião.
Além do caso provável e o já confirmado, o panorama da doença no estado contempla outros três casos “suspeitos”, entre eles o pai da criança de Tibau do Sul. Assim como sua filha, o homem apresentou os sintomas e não tinha comprovação vacinal contra o sarampo. Além dele, também estão sendo investigados os casos de uma mulher de 19 anos, em Extremoz e outra criança, de seis anos, em Macaíba. Nos três casos, não há mais a presença dos sintomas da doença, porém a investigação continua até os resultados dos exames confirmarem ou não o sarampo.
O único caso confirmado no RN é o do homem de 54 anos, que foi diagnosticado com sarampo no final do mês passado, após apresentar os sintomas e passar pelo protocolo de diagnóstico completo. Ele esteve em São Paulo, estado com maior número de casos registrados no Brasil, entre os dias 7 e 11 de julho, quando foi infectado. Após acompanhamento clínico, já voltou às suas atividades normais como professor. A Sesap informou que também realizou a investigação de outros quatro casos, mas que tiveram o diagnóstico positivo para a doença descartado.
Vacinação
Apenas em 2019, o Ministério da Saúde, já enviou para os estados brasileiros mais de 16 milhões de doses da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. O lote extra de 100 mil doses pedido pela Sesap para cobertura vacinal do RN já chegou e o panorama do estoque de vacinas é satisfatório, com cerca de 110 mil doses da vacina. “Tenho doses suficientes para manter as cotas dos municípios com certa tranquilidade. Fomos um dos poucos estados – senão o único – a conseguir dose extra da vacina, já que essas estão sendo encaminhadas para São Paulo, que possui o maior número de focos da doença”, afirma Lucchesi.
O estoque de vacina enviado pelo Ministério da Saúde serve para atender o que é chamado de vacinação de rotina e está previsto no Calendário Nacional de Vacinação, além de intensificar a imunização de crianças de seis meses a menores de um ano de idade que residem ou estão em deslocamento para municípios que, neste momento, apresentam surto ativo da doença. A vacinação não é indicada para gestantes e imunossuprimidos (quando o sistema de imunidade está com baixa atividade).
Lucchesi recorda que a Tríplice Viral faz parte do calendário vacinal da criança e do adulto e esteve sempre disponível nas unidades básicas de saúde, porém com baixa procura. No final de julho, a TRIBUNA DO NORTE, esteve em unidades básicas de saúde da capital potiguar e pôde averiguar o acúmulo de pessoas que procuravam se proteger contra o sarampo. Na ocasião, a equipe de reportagem esteve na Unidade Básica de Saúde São João, na avenida Romualdo Galvão, em uma manhã, mais de 30 pessoas já tinham se vacinado contra o sarampo – o triplo da demanda normal do posto para essa vacina durante o dia a dia. Em Natal, a vacina está sendo oferecida em 170 salas espalhadas pela capital, em postos e unidades de saúde.
Sarampo
Uma das principais causas de mortalidade infantil nas décadas de 1970 e 1980, o sarampo é uma doença extremamente contagiosa e grave. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, enquanto uma pessoa com gripe é capaz de contaminar de cinco a seis pessoas que não estão imunizadas, um indivíduo infectado com sarampo pode contaminar cerca de 16 pessoas que não estão protegidas contra a doença.
A imunização contra o sarampo está contida na vacina Tríplice Viral, que protege também contra a rubéola e a caxumba. Ela faz parte do Programa Nacional de Imunizações, e está dentro do calendário regular de vacinas disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas de até 49 anos. A primeira dose é dada para a criança quando ela tem um ano de idade e, a segunda, aos 15 meses de vida.
Sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal.
Principais sintomas:
Febre e manchas, acompanhada de tosse; conjuntivite (irritação nos olhos); nariz escorrendo (coriza) ou entupido; mal-estar intenso; manchas vermelhas no rosto (após três dias)
Transmissão:
Causado por um vírus altamente contagioso, sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas.
Prevenção:
Apenas por vacinação.
Tratamento:
Não existe tratamento específico para o sarampo. Os medicamentos são utilizados para reduzir o desconforto ocasionado pelos sintomas da doença.
IMPORTANTE: Não faça uso de nenhum medicamento sem orientação médica e procure o serviço de saúde mais próximo, caso apresente os sintomas descritos acima.
Número de casos
Brasil: 1.388 casos confirmados (0,58 casos por 100.000 habitantes)
1º São Paulo – (1.220)
2º Rio de Janeiro – (4)
3º Bahia – (1)
4º Paraná – (1)