“O que ocorre? Uma coisa é você ter Lula. Lula candidato a presidente da República não dá para ninguém, é todo mundo se juntar e a gente fazer um bom debate. Mas acontece que não é Lula o candidato. Será um candidato do PT”, disse. A fala de Luciana aconteceu um dia após reunião entre dirigentes do PT e do PCdoB em São Paulo a respeito da eleição nacional.
Condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula, atualmente, está inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. O PT, porém, sustenta que irá registrá-lo como seu candidato ao Planalto em 15 de agosto e que lutará pela elegibilidade de Lula até quando for possível.
Sobre esse ponto, a presidente do PCdoB diz que “essa tática de levar a candidatura de Lula até as últimas consequências é de altíssimo risco”.
Para Luciana, deveria haver, por parte do PT, compreensão de que, “para a elite, enfrentar Lula é uma coisa, mas enfrentar o PT não é, assim, enfrentar Lula”.
Não é Lula que vai ser enfrentado, é o PT.
Luciana Santos, presidente do PCdoB
“Quando você tira Lula da cena, não quer dizer que os votos vão para o candidato do PT. Tanto é que uma turma vai para Marina [Silva, da Rede]. Até para Bolsonaro [deputado federal pelo PSL] vai”, avalia Luciana.
O PCdoB apoiou o PT em todas as eleições presidenciais desde 1989, mas, neste ano, tem sua própria pré-candidata, a deputada estadual Manuela D’Ávila (RS). “A tendência principal nossa é a manutenção da candidatura porque a dispersão das nossas forças prevalece”, diz Luciana.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 10 de junho, em cenário sem Lula e sendo substituído pelo ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), Bolsonaro tem 19% das intenções de voto, Marina, 15%, Ciro, 10% e Manuela, 2% das intenções de voto. Haddad fica com 1%.
Já no último Ibope, de 26 de junho, Bolsonaro registrou 17% das intenções de voto, Marina, 13%, Ciro, 8%, Haddad, 2% e Manuela, 1%.
A presidente do PCdoB avaliou que, atualmente, há um isolamento por parte do PT com relação à candidatura do PDT, com Ciro Gomes. “Nós achamos que teria de haver um entendimento entre as lideranças do nosso campo que mais pontuam [nas pesquisas], que cumprem papel decisivo no desfecho dessa eleição, que é Ciro, do PDT, e Lula, do outro”, pontuou. “Até agora, a tendência é não haver entendimentos em torno disso”.
Luciana diz que, hoje, a esquerda deveria se unir para vencer a eleição presidencial e dar “à injustiça de Lula estar preso”. “Então todos os projetos partidários deveriam estar abaixo do projeto nacional. Mas o que tem prevalecido é isso.”
Apesar de ter uma pré-candidata, o PCdoB tem sido cortejado, nos últimos dias, pelo PT para uma aliança em torno da candidatura de Lula.
Em função disso, os petistas adiaram algumas de suas convenções estaduais para 2 de agosto à espera de uma posição sobre coligação com o PCdoB, que fechará seu entendimento nacional até 1º de agosto. O PT deverá ter a definição quanto a suas alianças até 4 de agosto, quando fará sua convenção nacional para lançar a candidatura de Lula ao Planalto
Do UOL, em São Paulo