O ex-governador do Paraná e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB) foi preso na manhã desta terça-feira (11) em operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado. A esposa dele, Fernanda Richa, e seu ex-chefe de gabinete Deonlison Roldo também foram presos.
Na manhã desta terça-feira, ocorre também uma nova fase da Operação Lava Jato da qual Richa e Roldo são alvo. A Polícia Federal e o MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná), que comandam esta ação, informaram que a prisão do ex-governador não tem relação com a operação.
Os dois órgãos confirmaram que a prisão de Richa foi feita pelo Gaeco. Ainda não há informações sobre os motivos da prisão. Segundo o MPF, na Lava Jato, o ex-governador foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua casa.
As assessorias de imprensa de Richa e do PSDB no Paraná foram procuradas, mas não se manifestaram até o momento. O ex-governador é réu em um processo referente ao período em que comandou a prefeitura de Curitiba.
Na última pesquisa Ibope, do dia 4 de setembro, Richa apareceu em segundo lugar na corrida para o Senado, o que garantiria a eleição dele.
Segundo a PF, a nova fase da Lava Jato, a 53ª, cumpre 36 ordens judicias nas cidades de Salvador, São Paulo, Curitiba, Lupianópolis (PR) e Colombo (PR). Desses mandados, 33 são de busca e apreensão.
Há outros três mandados de prisão em Curitiba, mas que, a princípio, não seriam os contra Richa, sua mulher e seu ex-chefe de gabinete.
Segundo a MPF, a ação de hoje, batizada de Operação Piloto, apura o pagamento de propina no valor R$ 3,5 milhões por parte de Odebrecht a agentes públicos e privados no Estado Paraná.
O objetivo do pagamento era ganhar a licitação para investimento na duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá.
Licitação foi direcionada para Odebrecht vencer, diz MPF
Segundo nota do MPF, o ex-chefe de gabinete Roldo teria acertado com a Odebrecht pagamento de R$ 4 milhões para que ele limitasse a concorrência de licitação da PR-323 e afastasse eventuais concorrentes interessados na disputa.
De acordo com as investigações, Roldo teria informado que ajudaria ilegalmente na licitação, mas para isso contava com o auxílio da empresa na campanha de reeleição de Richa para o governo do estado em 2014.
Em março do mesmo ano, o Consórcio Rota das Fronteiras, do qual a Odebrecht fazia parte, foi o único a fazer proposta e venceu a concorrência pública.
Investigação da Polícia Federal identificou pagamento de R$ 3,5 milhões entre setembro e outubro de 2014 em lançamentos registrados no sistema de contabilidade ilícito da Odebrecht.
Os pagamentos teriam sido entregues em São Paulo, em um condomínio relacionado à sogra de Jorge Atherino, empresário apontado como “operador financeiro” de Richa.
Roldo, Atherino e outras nove pessoas sãos réus na Lava Jato por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em uma investigação que apura a licitação da estrada.