O escritor e guru do ideário cultural bolsonarista, Olavo de Carvalho, classificou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como “morbidamente honesto”. Olavo, que qualifica o presidente como um “seguidor de YouTube”, concede até dizer que Bolsonaro é “despreparado” ao advogar pela honestidade do chefe do Executivo. “Você pode chamá-lo de burro, de mau administrador, mas de ladrão você não vai conseguir”, afirmou ele, em entrevista à BBC Brasil.
Olavo diz que a culpa pelas dificuldades da atual gestão é do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso. “Eles estão apenas interessados em destruir Bolsonaro.” Desse modo, ecoa o teor de manifestações populares, que teve presença do presidente nas últimas semanas. Afirma que escreveu para Bolsonaro dizendo que “o senhor não pode começar a exercer a Presidência antes de assegurar que tem o poder na mão, e o senhor não vai ter o poder na mão se o senhor não amarrar a mão desses camaradas que estão boicotando 24 horas por dia”.
No último mês, Sergio Moro deixou o Ministério da Justiça e acusou Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. Segundo o ex-juiz da Lava Jato, o objetivo seria proteger a família do presidente de investigações no Rio de Janeiro. É lá que está o inquérito que apura se Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro, operava um esquema de “machadinhas”
“Em primeiro lugar, o Queiroz não é filho do Bolsonaro, o Queiroz foi um chofer do cara! Então eu tenho um chofer que é ladrão e eu sou o culpado agora?”, pergunta ele, que afirma que Moro pretende ser candidato à Presidência.
Segundo ele, o ex-ministro também atuou para atrapalhar as investigações em relação à facada que Bolsonaro sofreu na campanha de 2018. “Primeiro nós temos que resolver quem mandou matar o Bolsonaro, depois verificamos se os filhos dele roubaram palito de fósforo, pô.” A PF já concluiu que Adélio Bispo, autor do atentado, agiu sozinho em 2018.
Contrário às medidas de isolamento social e ao uso de máscara, Olavo duvida do número de mortos no mundo devido ao coronavírus e, assim como Bolsonaro, defende o uso da cloroquina, mesmo sem comprovação científica de sua eficácia, no tratamento da Covid-19. “O nível de cura é imenso. No Brasil, o sucesso da cloroquina está mais do que comprovado.”