O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (11) que decidiu indicar seu filho Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil nos Estados Unidos, mas que cabe ao atual deputado federal aceitar ou não o cargo.
“Da minha parte, eu me decidi agora, mas não é fácil uma decisão como esta estando no lugar dele e renunciando ao mandato”, disse ele em entrevista a jornalistas. “Apesar de ser meu filho, ele tem de decidir”, acrescentou.
Questionado sobre o assunto, Eduardo Bolsonaro disse que ainda não há nada definido.
“A missão que o presidente Bolsonaro der para mim certamente vou desempenhar da melhor maneira. Não tem nada formal, nada oficial. O presidente falou, está falado, mas não chegou nada oficial”, disse, na Câmara.
O presidente disse ainda que o filho fala inglês com fluência, tem boa relação com a família do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e “daria conta do recado perfeitamente”.
“É uma coisa que está no meu radar, sim, e existe a possibilidade. Ele é amigo dos filhos do Donald Trump, fala inglês e espanhol, tem uma vivência muito grande do mundo. Poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente”, ressaltou.
Bolsonaro disse ter ficado surpreso com o vazamento da informação e brincou que há um anão embaixo da mesa do gabinete presidencial.
“Isso foi hoje. Parabéns ao anão que dizem ter embaixo da minha mesa, que agiu rapidamente. Chegou rapidamente a vocês essa informação aí”, afirmou.
O presidente lembrou também que já havia cogitado a possibilidade no passado, mas que voltou a considerá-la nesta quinta.
“Não quero decidir por ele seu futuro”, disse. “Eu fiquei pensando: imagine se tivesse no Brasil o filho do presidente Mauricio Macri como embaixador da Argentina? Obviamente que o tratamento seria diferente de um embaixador normal”, afirmou.
O presidente reafirmou que, se dependesse dele, tomaria uma decisão agora, mas lembrou que, além de ter de deixar o mandato, Eduardo acabou de se casar.
Bolsonaro afirmou ainda que já conversou sobre o assunto com o Ministério da Defesa e que também fez contato com os Estados Unidos.
“Quando a gente vai indicar os embaixadores, o serviço de inteligência faz os contatos também. Qualquer embaixada do Brasil tem que bem nos representar e é isso que nós queremos”, disse.
Eduardo fez 35 anos nesta quarta (10), idade mínima para assumir como embaixador. Depois da indicação do presidente, o Senado ainda precisa confirmar o nome.
Advogado e escrivão da Polícia Federal, ele não tem formação internacional específica. É um dos mais influentes expoentes do chamado grupo ideológico do governo, influenciado pelas ideias do escritor brasileiro radicado nos EUA Olavo de Carvalho.
Foi ele quem avalizou a indicação, feita por Olavo, do diplomata Ernesto Araújo para o cargo de chanceler.
Ambos têm trabalhado em dupla, com o deputado à frente da Comissão de Defesa e Relações Exteriores da Câmara, e trocam elogios constantemente.
No Itamaraty, desafetos do ministro inclusive chamam Eduardo de “chanceler sombra”, por fazer a ligação direta entre Araújo e o pai presidente. Outro elo nessa equação é Filipe Martins, o ex-secretário internacional do PSL que virou assessor para a área no Palácio do Planalto.
No entanto, durante visita de Jair Bolsonaro a Trump em março, Ernesto teve um chilique diante de outros ministros na comitiva, por causa da participação de Eduardo Bolsonaro no encontro privado entre os dois presidentes.
O chanceler não participou da reunião no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, e foi acalmado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Nesta quinta, o chanceler classificou o deputado como um “excelente nome” para o cargo ao ser questionado pelo próprio presidente sobre a possibilidade durante uma transmissão ao vivo na internet.
Desde que assumiu seu mandato, Eduardo tem defendido as posições pró-americanas esposadas pelo pai. É um crítico dos adversários de Israel e se deixou fotografar com um boné pedindo a reeleição de Trump em 2020, durante uma viagem aos EUA.
O cargo de embaixador nos Estados Unidos está vago desde abril, quando Ernesto removeu o diplomata Sérgio Amaral do posto.
O também diplomata Nestor Forster era considerado o favorito para substituí-lo.
Eduardo Bolsonaro disse ainda que, quem quer que seja o escolhido, o novo chefe da delegação brasileira em Washington precisa ser “um amigo dos Estados Unidos.”
“Qualquer que venha a ser o embaixador do Brasil nos EUA, tem que ser uma pessoa amiga dos EUA. Não pode ser uma pessoa que virou as costas ou que tenha no currículo algum ato de hostilidade aos EUA. Ou proximidade com a Venezuela, por exemplo”, disse.
Questionado se numa embaixada sob o seu comando haveria espaço para Olavo de Carvalho, o deputado fez elogios ao guru da família Bolsonaro. “Sempre que eu vou aos EUA eu cogito visitar o professor Olavo.”