Os casos de doentes nos bairros do Tirol e de Petrópolis com sintomas semelhantes começaram a surgir após o carnaval, no dia 6 de março. Apesar da semelhança evidente com a chikungunya pesquisadores e autoridades iniciaram uma investigação porque a apresentação dos sintomas se diferenciava em algumas características. Entre essas diferenças estava, por exemplo, uma intensidade menor das dores em relação aos casos tradicionais de chikungunya e dor na planta do pé nos primeiros dias, enquanto os outros apresentavam essa dor na segunda semana da doença.
Durante a investigação, a hipótese de ser chikungunya existia desde os primeiros dias, mas outras também estavam sendo consideradas. Os exames feitos com o sangue colhido dos doentes, no entanto, indicaram de que de fato se tratava do mesmo vírus.
Para explicar a diferença dos sintomas se tratando do mesmo vírus, o infectologista André Prudente, diretor do Hospital Estadual Giselda Trigueiro e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, afirma que os casos de arbovirose têm um “espectro” de sintomas muito grande. “Arboviroses costumam ter esse espectro grande de sintomas, e eles são influenciados por diversos fatores. A condição social do doente, por exemplo, é um desses fatores que podem fazer a doença se manifestar de uma forma mais intensa ou não”, explica.
O médico se refere às condições sociais porque entre o atual surto da doença e o surto ocorrido em 2016, quando a chikungunya teve seus primeiros casos confirmados no Rio Grande do Norte, o perfil dos doentes é diferente. Naquele ano, a maior parte das pessoas eram de bairros mais pobres. Já os casos atuais são concentrados em dois bairros de classe média.
Prevenção
A Sesap realiza ações de prevenção e educação em saúde, bem como orienta e supervisiona o trabalho realizado pelos agentes de endemias dos municípios para controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti. Além disso, são realizadas as operações de aplicação do inseticida por meio dos carros fumacê, que devem ocorrer apenas quando houver necessidade do controle de surtos e epidemias por arboviroses.
Segundo a subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi, “é necessário que a população tome as medidas de prevenção à proliferação do mosquito: receber o agente de saúde em suas residências, eliminar água de vasos de flores, tampar tonéis e tanques, não deixar água acumulada, lavar semanalmente depósitos de água, manter caixas de água e tanques devidamente fechados e colocar o lixo em sacos plásticos, mantendo a lixeira fechada, entre outras”.
3.024 suspeitas de dengue e chikungunya foram analisadas
98 casos de chikungunya foram confirmados no Rio Grande do Norte até o dia 30 de março, entre 127 suspeitas
0 casos de zika foram confirmados no Rio Grande do Norte até o dia 30 de março, entre 54 suspeitas
Fonte: Boletim Epidemiológico da Sesap