As autoridades trataram no encontro das medidas urgentes para retomada da segurança do Porto de Natal. Um plano de ação deve ser entregue pela Codern nos próximos 90 dias, de acordo com o novo diretor da estatal, o almirante Elis Treidler Öberg. A compra de um escâner de contêineres e melhoria do sistema de vigilâncias no local foram elencados como prioridade.
Esses dois itens foram observados como falhas na carta da CMA CGM, escrita no último dia 20 de fevereiro e destinado à Antaq, ao Ministério de Relações Exteriores, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Governo do Estado. Falta de controle na entrada de cargas ao local e ausência de segurança portuária no cais são outras deficiências citadas. Na carta, a empresa considera a situação do porto “precária” e responsável pela “contaminação” de cargas com “altas quantidades de substâncias ilícitas”.
A empresa também ameaça, na carta, a suspensão definitiva das atividades no Porto de Natal. Já está confirmada a paralisação no mês de março. “Diante da situação precária do Porto de Natal que, evidentemente, aumentou tais riscos de contaminação, o grupo CMA CGM se encontra em um impasse, pois por um lado desejamos continuar contribuindo com o desenvolvimento da região Nordeste e atender aos nossos clientes locais, principais exportadores de frutas do Brasil, por outro lado não podemos permanecer nesta situação de risco que além de comprometer nossa atividade, está contra os princípios defendidos pela CMA CGM”, aponta a carta.
A Antaq não se posicionou sobre as apreensões de cocaína no local feitas pela Polícia Federal no últimos dias 19 e 20 de fevereiro. 3,2 toneladas de cocaína foram encontradas dentro de contêineres com destino à Holanda. Dois dias após à operação, a Tribuna do Norte revelou que o Porto de Natal foi utilizado pelo tráfico internacional de drogas constantemente nos últimos cinco meses. Recentemente, o Porto Paranaguá, no Paraná, também teve uma apreensão de cocaína pela Polícia Federal. A quantidade encontrada foi de 3,5 toneladas. Também não houve posicionamento da Agência.
Memória
O Porto de Natal movimentou mais de 10 toneladas de cocaína. A Polícia Federal realizou nos dias 14 e 15 de fevereiro duas apreensões que totalizam 3,2 toneladas de cocaína em contêineres de frutas com destino à Holanda. A droga foi encontrada dentro de contêineres de frutas no Porto de Natal, em caixas idênticas às que transportam mangas e melões, durante as fiscalizações da Polícia Federal e da Receita Federal.
A primeira apreensão aconteceu no dia 14 de fevereiro, quando 1,2 tonelada de cocaína foi apreendida em meio a um carga de manga que teria como destino o porto de Roterdã, na Holanda. No dia seguinte (15), outras duas toneladas foram encontradas em meio a uma carga de melão. O caminho da fruta até o porto passa por até quatro etapas: na primeira, as frutas são produzidas nas fazendas; na segunda, embaladas, empacotadas e colocadas nos contêineres; na terceira, são transportadas até o porto; e na quarta, são exportadas. As investigações da Polícia Federal ainda não identificam em qual etapa a droga foi incluída nos contêineres, mas o delegado Agostinho Cascardo não descarta nenhuma delas.
Além disso, segundo reportagem publicada com exclusividade pela TRIBUNA DO NORTE no último dia 16, a polícia holandesa apreendeu 4,3 toneladas de cocaína exportada pelo Porto de Natal em quatro meses, entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano. A informação foi confirmada pela Receita Federal, que investiga com a Polícia Federal a atuação de grupos do tráfico internacional de drogas no Rio Grande do Norte. A polícia holandesa identificou mais 2,8 toneladas da droga em cargas de mangas exportadas pelo Porto ainda em janeiro, mas a data exata não foi divulgada por uma estratégia de investigação
Segundo o delegado Agostinho Cascardo, a falta de um scanner para os contêineres é um dos fatores que fragilizam o Porto e fiscalizar a entrada de drogas sem o scanner entre as centenas de contêineres exportados pelo porto é “como procurar um palito de fósforo específico, dentro das caixas de fósforo dispostas em uma prateleira de supermercado”. “Eu não tenho dúvidas que a falta desse scanner foi um elemento primordial para o porto se tornar uma rota”, explicou.
Tribuna do Norte