Segundo fontes do MPRN ouvidas pela reportagem da Tribuna do Norte, as últimas apreensões de drogas no porto de Natal revelam as fragilidades em fiscalização e estrutura para combater esse tipo de comércio. “O porto não tem scanner, por exemplo, e o tráfico é um negócio. Os criminosos procuram o porto com mais facilidade para enviar a droga para onde quer que seja. O Estado não consegue fazer o controle preventivo”, disse a fonte, que pediu para não ser identificada.
Os “grandes atacadistas”, nome dado aos traficantes de droga que ocupam um alto escalão na hierarquia da facção, saem do Rio Grande do Norte com destino à cidades fronteiriças com Brasil para comprar a droga. Ao chegar lá, geralmente de carro, uma mulher leva o veículo até o local em que ocorrerá a compra. Toneladas são trazidas geralmente em caminhões. Em alguns casos a droga é armazenada dentro de troncos de madeira e transportadas até o estado. Na frente dos carregamento, vem os carros com “batedores”, que avisam quando existem barreiras policiais no caminho.
Ao chegar no RN, o atacadista repassa a droga para revendedores, que por sua vez passa para um intermediário e por fim ela é levada ao varejista ou “boqueiro”, que são as pessoas que vendem nas “bocas de fumo”. Antes de chegar ao “consumidor final”, a droga é geralmente refinada ou armazenada em casas ou granjas alugadas por temporada, que ficam fora da capital. Nas comunidades, a distribuição é comandada pelos “linha de frente”.
Conforme investigações da Polícia Civil, os traficantes do nordeste tem optado pela pasta base (matéria-prima para a cocaína em pó, o crack e a merla), ao invés de comprar a cocaína refinada e crack. A explicação é de que com a pasta base os traficantes conseguem, “in loco”, refinar a cocaína e virar crack. Além de que o produto é transportado em uma quantidade maior e renderia mais. Cerca de 1 kg e pasta é capaz de fazer até 3 kg de cocaína e 5 kg de crack.
O RN é um Estado de divisas vulneráveis ao tráfico de drogas. Sem infraestrutura adequada à fiscalização de embarcações e veículos, em decorrência da falta de barreiras fixas em terra ou nos portos estaduais, a entrada de entorpecentes no solo potiguar é uma operação de risco baixo para os experientes traficantes.
Prisões
1,6 tonelada de maconha foi apreendida pela Polícia Militar nos últimos três anos
640 kg em 2016
481 kg em 2017
512 kg em 2018
Fonte: Sesed/Coine
29 de junho
A Polícia Federal aprendeu 277 quilogramas de cocaína, que vinha do Maranhão. Com informações do BOPE, a PF prendeu uma dupla de acreanos que estavam em um hotel em Ponta Negra.
24 de setembro
A Deicor apreendeu mais de 30 mil comprimidos de escstasy (droga sintética ilegal), além de porções de maconha e skank. A droga foi apreendida em uma flat, em Ponta Negra, em Natal. A quantidade foi avaliada em aproximadamente R$ 2,5 milhões. Segundo investigações à época, a droga teria vindo da Itália.
27 de novembro
A Polícia Federal apreendeu 1.391 kg de cocaína, avaliada em 70 milhões. A droga estava localizada sob o piso de um galpão, em Parnamirim
2019
06 de janeiro
Em tonéis escondidos em uma granja, na zona rural de Macaíba, a polícia civil apreendeu 3 toneladas de maconha e crack, junto com explosivos e armas. A droga teria vindo de fora do estado e seria distribuída a nível de nordeste, segundo as investigações. A droga estava avaliada em R$ 4 milhões.
11 de janeiro
A Polícia e Receita Federal apreenderam 1.275 kg toneladas de cocaína em uma carga de mangas que seria enviada para a Europa. Segundo a Receita Federal, 160 caixas com tabletes de cocaína estavam escondidos em containers.
13 de janeiro
Em uma nova operação, a PF apreendeu 2 toneladas de cocaína no porto de Natal. Desta vez, a droga foi encontrada em uma carga de melões.