A proliferação de gatos domésticos – que aparecem espontaneamente ou são deixados indevidamente pela população -no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, em Natal, ameaça a fauna nativa, como aves e répteis que fazem parte da sua cadeia alimentar, sem contar as doenças transmitidas a todos os animais existentes na unidade de conservação. Uma pesquisa sobre o impacto ambiental, dirigida pela professora Dra. Héderes Silva, do Departamento de Fisiologia e Comportamento da UFRN, constatou que a população felina aumenta não pela reprodução, mas pelo ato de abandono das pessoas.
A pesquisa “Impactos Socioecológicos da Presença de Gatos Domésticos (Felis catus) em Fragmentos da Mata Atlântica” vem sendo feita desde 2015. “Nós fizemos monitoramento por um ano e boa parte dos animais já não eram mais avistados após alguns meses. O que ocorre, é que esses animais são adaptados a nossos hábitos, e se os soltamos, eles ficam sujeitos a transmissões de doenças entre eles e entre outras espécies. Além disso, eles ficam sujeitos às diversas condições ambientais do local e ao atropelamento, por exemplo, por estarem em área urbana. O abandono de um animal doméstico é um ato cruel ao animal, à saúde ambiental e humana”, destaca o professor Paulo Ivo, coordenador adjunto do projeto.
Ainda de acordo com o relatório, “os dados iniciais obtidos foram fundamentais para a tomada de duas decisões importantes: estudar o comportamento humano para entender os fatores individuais e culturais que levam pessoas a abandonarem seus animais (tendo em mente a personalidade, condições socioeconômicas e histórico de vida de cada um), e estudar os impactos desses animais em uma reserva florestal de Mata Atlântica que preserva grande quantidade de espécies nativas (naturais daqui) de nossa biodiversidade”.
A pesquisa está na segunda fase, sendo iniciada no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, previamente aprovada pelo Setor de Manejo Ambiental da unidade e está sendo encaminhada para o Comitê de Ética e Pesquisa com Animais (CEUA) da UFRN. Na primeira fase do trabalho, já aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Humanos (CEP) da UFRN), os pesquisadores fizeram divulgação de questionário online e obtiveram um total de 3.336 respostas que estão sendo analisadas. “Queremos replicar nossa ideia inicial, objetivando entender qual o papel ecossistêmico desses animais em uma Área de Proteção Permanente (APP) como essa, visando buscar também a sensibilização das pessoas acerca dos grandes impactos sociais e ambientais que a soltura de animais domésticos como os gatos, pode ocasionar a biodiversidade; sem falar dos possíveis impactos também sobre a saúde humana”, afirma Paulo Ivo.
Os pesquisadores pedem a colaboração dos frequentadores do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, enviando fotos e localização dos gatos encontrados na área da Unidade de Conservação e de Proteção Ambiental do Município de Natal. “A participação da sociedade em nos informar as localizações e identificações desses animais é essencial para obtermos resultados com mais eficiência. Nossa ideia não é somente a publicação científica dos resultados, mas também a popularização desses dados à sociedade, visando benefício a todos. Além disso, caso queiram, podem tirar dúvidas diretamente através do e-mail _pauloivo@ufrn.edu.br ”, informa o pesquisador.