Natal atualiza notificações de arboviroses hoje

O grupo de pesquisadores da doença que vem sendo registrada nos bairros de Tirol e Petrópolis, já tem o resultado de 34 amostras de sangue coletadas. Desse total, 67,4% (23 amostras), confirmaram a presença do vírus da chikungunya.  Os exames reforçam a hipótese de que a doença é uma variação do vírus, já que, apesar da semelhança na maioria dos sintomas, existem diferenças nos casos epidêmicos de 2016 e os atuais. O infectologista Kléber Luz, que conduz a pesquisa, afirmou, no entanto, que outras hipóteses não estão descartadas até o final da investigação. Para hoje é esperada a divulgação das notificações em outras áreas de Natal pela Secretaria Municipal de Saúde.

Além dos 34 exames concluídos, outros 39 casos estão sendo analisados. O Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) estão sendo notificados sobre os casos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – o procedimento de notificação é padrão em qualquer arbovirose. Entretanto, os órgãos aguardam o resultado geral dos exames antes de emitir qualquer recomendação ou questionamento.

“Os exames tornam mais forte a hipótese de que é uma variação do chikungunya, seja porque ele está em contato com outro vírus ou por outra razão”, disse Kléber Luz, que coordena o grupo de estudos de médicos, biomédicos e pesquisadores para investigar os casos. “Nós precisamos investigar para confirmar. Não é possível dar uma conclusão por enquanto”, acrescentou.

A doença se assemelha à chikungunya principalmente nos sintomas de febre, dores nas articulações, úlceras na boca e olhos vermelhos. Entretanto, esses sintomas são menos intensos nos novos casos, registrados este ano, até o momento em suas maioria nos bairros de Tirol e Petrópolis. Os pacientes também apresentam dor na planta dos pés e manchas na pele desde os primeiros dias. Na chikungunya, a maioria dos casos conhecidos até então relatam dor na planta dos pés somente na segunda semana da doença e não possuem manchas na pele.

As equipes médicas também se atentam para outro fator: a maioria dos doentes são moradores do Tirol ou trabalham no bairro. Segundo as equipes de vigilância da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a área apresenta um aumento no número de mosquitos Aedes aegypti, transmissor do chikungunya, zika e dengue, mas não é o único local da cidade nessa situação. Isso torna mais difícil explicar por que o local tem mais casos. Uma das hipóteses investigada é de que se trate de uma arbovirose australiana presente nos gambás – já que existem espécies do animal no Parque das Dunas, próximo ao bairro.

Especialistas falam sobre andamento de estudos
Hipóteses levantadas até o momento:
Chikungunya modificada por um outro vírus em circulação ou presente nas pessoas

Essa hipótese leva em consideração que o vírus da Chikungunya pode ter sofrido modificação por outros vírus em circulação. Isso explicaria porque os pacientes que tiveram a presença do Chikungunya no sangue têm sintomas diferentes da doença.

Arbovirose Ross River, presente na Austrália, pela semelhança de sintomas:
Transmitido pelo Aedes aegypti,  o Ross River provoca dores nas articulações e manchas na pele, mas, diferentemente dos sintomas identificados em Natal, as manchas surgem somente 10 dias depois da doença.

Arbovirose Barmah Forest, também presente na Austrália:
O Barmah Forest tem a mesma semelhança de sintomas, e a maior delas é a mancha vermelha na pele. É semelhante ao Ross River, mas os sintomas duram um tempo maior. Outra semelhança é que o Barmah é encontrado em gambás. Segundo uma das médicas presentes na reunião, existem espécies de gambás no Parque das Dunas – área próxima do Tirol, onde os casos foram mais relatados.

Arbovirose Mayaro, presente no Brasil, mas nunca identificada no Rio Grande do Norte:
Casos de Mayaro, uma arbovirose semelhante às existentes em Natal, foram relatados em Goiânia. à Os sintomas são semelhantes e a proximidade das cidades com a mata (no caso de Goiânia, o pantanal; em Natal, o Parque das Dunas) é um fator em comum.

Sintomas recorrentes:
1. Manchas na pele presente do primeiro ao sexto dia da doença;

2. Dores nas articulações no primeiro dia;

3. Febre nos primeiros dias;

4. Dor na planta do pé nos primeiros dias (sintoma menos frequente que os outros);

5. Úlceras (feridas) na boca

6. Olhos vermelhos (sintoma menos frequente);

Diferenças dos novos casos para os casos conhecidos da Zika e Chikungunya:
1. As manchas na pele são presentes nos casos de Zika, mas com coceiras intensas. Nos novos casos, os pacientes não relatam queixas de coceiras intensas, mas relatam febre.

2. As dores nas articulações são menos intensas do que os casos de Chikungunya. Nos novos casos, os pacientes conseguem andar, mexer os dedos. Nos mais conhecidos de Chikungunya, a dor é intensa ao ponto do paciente não conseguir se mover direito.

3. As dores na planta do pé são relatadas desde o primeiro dia nos novos casos. Nos casos mais conhecidos de Chikungunya, essa dor na planta do pé surge na segunda semana da doença.

4. A febre dos pacientes com os novos casos é baixa. Nos casos de Chikungunya e Dengue, a febre é normalmente alta.

5. A Chikungunya tem formigamento. Os novos casos não registraram esse sintoma.

Perfil
Os casos surgiram no Tirol, motivando uma investigação da equipe de saúde municipal e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O infectologista e professor universitário Kléber Luz não descarta que a doença esteja presente em outros locais da cidade.
140 pessoas até agora foram identificadas com sintomas da doença, desde o carnaval;
58 anos é a média de idade dos pacientes
De 64 fichas avaliadas:
40 (62%)  são mulheres
24 (38%) são homens
Febre:
58 (90%) tiveram febre

Desses, 42 tiveram febre no primeiro dia da doença, 15 tiveram febre no segundo dia e 1 teve febre no quarto dia

Manchas na pele
De 51 fichas analisadas:

42 pessoas apresentaram manchas na pele

Dessas, 28 tiveram coceira

Os pacientes com mancha na pele também tiveram vermelhidão na palma da mão e orelha queimando

Dores nas articulações
De 55 fichas analisadas:

43 tiveram dores no primeiro dia da doença;

Não tem articulação específica com dor. Todas as articulações tiveram casos registrados.

Dor na planta dos pés
De 64 fichas analisadas:

22 apresentaram o sintoma nos primeiros dias.

Olhos vermelhos
De 64 fichas analisadas:

12 apresentaram o sintoma

Tribuna do Norte
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