As autoridades tailandesas dizem que as 12 crianças e o técnico de futebol presos nas cavernas inundadas não devem ser resgatadas esta noite, já que ainda não conseguem mergulhar.
Um duto de ar foi instalado na câmara onde o grupo está preso há quase duas semanas, no complexo de cavernas Tham Luang.
Os meninos, que têm entre 11 e 16 anos, e o treinador de futebol deles entraram na rede de cavernas há 12 dias. Eles acabaram ficando presos quando uma tempestade inundou grande parte do local e bloqueou a saída principal.
Na madrugada desta sexta-feira, um mergulhador da Marinha tailandesa que participava dos esforços de resgate morreu ao tentar levar suprimentos ao grupo.
Falando à imprensa nesta sexta-feira, o governador da província de Chiang Rai, onde fica o complexo de cavernas, diz que os garotos já têm forças para caminhar, mas não para nadar ou mergulhar para fora do local.
Narongsak Osotthanakorn disse que a saúde da maior parte dos garotos “melhorou e está normal”, e que os mergulhadores socorristas continuam a ensiná-los técnicas de mergulho e de respiração embaixo d’água.
No entanto, ele negou que a equipe tentará resgatá-los esta noite, caso volte a chover. “Não, eles não conseguem mergulhar ainda”, afirmou.
Os meninos estão recebendo suprimentos de comida e cuidados médicos, mas há apreensão com a previsão de chuvas fortes no domingo.
Os militares têm escoado água para fora da caverna, mas, se não conseguirem baixar o nível da água o suficiente para que seja possível transitar a pé ou nadando superficialmente, só restarão duas opções de resgate: ensinar os meninos a mergulhar com cilindro de oxigênio ou esperar meses até que a temporada de chuvas acabe.
O risco de esperar é que a água das chuvas, passando por buracos na caverna e correntes de água que passam pela montanha, acabe por inundar por completo a câmara de ar onde os meninos encontraram refúgio.
Na quinta-feira, seus pais mandaram cartas para eles, mas o governador disse ainda não saber se eles já as tinham recebido.
Qual é a situação?
O grupo foi encontrado numa caverna por mergulhadores socorristas britânicos 10 dias depois de desaparecer. Eles estavam sentados na saliência de uma rocha em uma câmara a cerca de 4 km da entrada da caverna.
Desde então, equipes tailandesas e estrangeiras de mergulhadores estão levando comida, oxigênio e cuidados médicos para eles, mas os socorristas se preocupam com o nível de oxigênio na câmara, que as autoridades dizem ter caído para 15%. Normalmente, esse nível é de 21%.
Essa diminuição se deve ao grande número de pessoas trabalhando dentro da caverna para viabilizar o resgate, explicou Narongsak Osotthanakorn
“Vamos tentar elaborar o melhor plano, no qual o risco seja mínimo. Vamos tentar tirá-los de lá”, afirmou.
Ele lembrou ainda que as chuvas diminuíram nos últimos dias, dando aos socorristas a oportunidade de drenar diversas áreas da caverna, que podem ser acessadas pelos membros da equipe.
Ele também afirmou que, quando as equipes pararam de drenar água durante 12 minutos nesta sexta-feira, o nível de água na caverna aumentou 10 cm.
Na superfície, uma enorme operação de resgate militar e civil corre contra o tempo para salvar o grupo.
Inicialmente, as autoridades estudaram deixá-los dentro das cavernas até o fim da estação chuvosa – o que poderia significar que eles ficariam presos por até quatro meses.
Os socorristas cavaram mais de 100 buracos na tentativa de chegar à caverna por um caminho direto. Dezoito deles – o mais profundo com 400 metros – eram promissores, mas o governador de Chiang Rai disse que não tinha certeza se seria possível chegar até os garotos, que estariam 600 metros sob a superfície.
O que aconteceu com o mergulhador?
Saman Gunan – um mergulhador experiente – perdeu a consciência quando estava retornando da caverna de Tham Luang, após entregar tanques de oxigênio. Ele foi retirado da caverna por seu companheiro de mergulho, mas não foi possível reanimá-lo.
Sua morte evidencia os riscos do resgate dos meninos pelas passagens estreitas e inundadas das cavernas – alguns deles não sabem nadar, e todos terão de aprender noções básicas de mergulho.
“A missão dele era entregar o oxigênio, e ele ficou sem o suficiente no caminho de volta”, disse o vice-governador de Chiang Rai, Passakorn Boonyaluck.
Saman, que tinha 38 anos, segundo relatos, já havia deixado a Marinha, mas voltou para ajudar na operação de resgate. Ele também era atleta e ciclista.
Segundo as autoridades, seu funeral será pago pelo rei tailandês.
BBC Brasil