Food Trucks: Empresários fazem novo protesto e se negam a sair

Alvo de ação do Ministério Público, donos de food trcks instalados em áreas não edificantes, querem regulamentação da atividade
Os quase 75 ‘caminhões de comida’ estacionados em área não edificante localizada às margens da avenida Roberto Freire, em Ponta Negra, deverão ser retirados do local até a próxima segunda-feira (11), segundo prazo estabelecido no acordo firmado entre a Prefeitura de Natal e o Ministério Público do RN. Os empresários que atuam no local fazem novo protesto hoje e vão novamente ao prefeito pedir por providências.
A Promotoria do Meio Ambiente foi a responsável por instaurar Ação Civil Pública pedindo a remoção dos ‘food trucks’ instalados desde 2016 em dois terrenos onde não são permitidas construções, conforme regra em vigor há 40 anos – desde 1979 uma lei impede a construção nos terrenos adjacentes à avenida que dá acesso ao bairro/praia, entre a Via Costeira e a Rota do Sol, evitando assim que obras interfiram na paisagem.

Porém, proprietários de estabelecimentos que estão na mira da Ação do MPRN reclamam que não foram devidamente notificados sobre a decisão, e pedem um prazo maior para deixar os ‘food parks’ Jardim Ponta Negra e Casa do Careca.

A empresária Vanessa Silva, que possui dois food trucks – um em cada espaço – para venda de hambúrguer gourmet, afirma ser preciso de quatro a seis meses para poder se organizar.

Vanessa é considerada a porta-voz da categoria, que busca acelerar a tramitação de uma lei na Câmara Municipal de Natal que regulamente esse modelo de negócio. Ela adiantou que os ‘truckeiros’ realizam novo ato público na manhã dessa quinta (7), a partir das 10h, com carreata saindo de Ponta Negra até o gabinete onde o prefeito Álvaro Dias também costuma despachar no bairro de Candelária.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Natal confirmou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) irá cumprir a determinação. “O prefeito Álvaro Dias já se mostrou favorável à permanência dos ‘food trucks’ em Ponta Negra, mas há uma decisão judicial a ser cumprida”, esclareceu o secretário Municipal de Comunicação, Heverton de  Freitas.

Vanessa Silva argumentou que os proprietários das lanchonetes móveis não foram informados do prazo em tempo hábil. “A Semurb assegurou que o dono do terreno e a pessoa que administra os espaços foram notificadas, mas nós, que somos os mais afetados pela determinação, não ficamos sabendo de nada”, justificou. Segundo a empresária, cada carrinho paga em torno de R$ 1,6 mil por mês de aluguel para permanecer estacionado nos ‘food parks’ Jardim Ponta Negra e Casa do Careca.

Vigilância Sanitária
Proprietária de dois food trucks, Vanessa Silva  garante que as lanchonetes recolhem impostos, e que a grande maioria dos funcionários trabalham com carteira assinada. “Tenho doze funcionários, todos trabalhadores formais, que não terão para onde ir a partir do dia 11; muita gente vai ficar desempregada”, destacou.

De acordo com Vanessa, “tudo começou por conta da Abrasel-RN (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) que cutucou o Ministério Público para nos tirar dali. Essa é a informação que está na página 11 da Ação Civil Pública aberta pelo MPRN”.

“Como não existe uma lei municipal específica não podemos ficar na rua; e pelo visto nem em terrenos privados. Primeiro falaram que o problema era a área não edificante, depois mudaram a conversa dizendo que a Vigilância Sanitária que não pode fiscalizar uma atividade não regulamentada. Queremos que criem uma lei regulamentando, que fiscalizem, que cobrem o cumprimento das regras estabelecidas. Temos profissionais de nutrição e gastronomia envolvidos aqui (nos food parks), gente que tem experiência com manipulação segura de alimentos”, reforçou.

No dia 19 de fevereiro, houve mobilização dos ‘truckeiros’ que protestaram e levaram o tema para conhecimento da Câmara Municipal de Natal; no dia 28, foi realizada audiência pública para iniciar os debates no legislativo sobre o assunto.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE procurou a Semurb para obter mais detalhes sobre a logística do despejo, planejada para o dia 11, mas até o fechamento desta edição a pasta que cuida da regulamentação ambiental e urbanística de Natal não deu retorno.

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