No Brasil, neste mesmo período, o número alcançou a marca de 70.671, sendo que 53.715 delas (ou 76% das mortes) estão relacionados ao tipo C da doença que provoca inflamação no fígado. A região Sudeste concentra 34,9% das notificações para hepatite tipo B (ou 81.282 casos); e 228.695 casos do tipo C, ou 36,1% do total das notificações no período levantado pelo Ministério da Saúde.
O documento do MS foi divulgado às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, data celebrada anualmente em 28 de julho, e reforça a campanha “Julho Amarelo” que chama atenção para a prevenção e tratamento dos diversos tipos de hepatite. Além do vírus tipo C, as hepatites tipo A e B também são comuns em todo o País, enquanto o tipo D tem menor incidência e está concentrado na região Norte; já a verificação do vírus tipo E é mais “esporádica” registrou o Boletim elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde.
Segundo o Ministério da Saúde houve uma redução de 7% dos casos de hepatite no País ao longo da última década, de 2008 a 2018, mas os índices ainda estão longe da erradicação da doença pretendida até 2030 conforme compromisso assumido pelo Brasil com a OMS.
Em 2019, cerca de 50 mil pacientes devem receber tratamento do MS contra a hepatite C no Brasil. Ainda de acordo com estimativas do órgão, mais de 500 mil brasileiros convivem com o vírus tipo C sem saber, pois a doença é assintomática (não exibe sintomas).
“Difundir informações sobre a doença, como prevenção e tratamento, é a melhor forma de combater a incidência de hepatite”, garantiu Alessandra Lucchesi, subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). A gestora afirmou que o foco principal é o combate à hepatite tipo C, “o tipo que mais mata, mas tem cura (em 95% dos casos) se o paciente seguir corretamente o tratamento. Por isso precisamos difundir ao máximo as medidas de prevenção”.
Alessandra acredita que a redução verificada pelo Ministério da Saúde quanto ao número de notificações da doença, deve considerar a subnotificação dos casos. “As notificações da hepatite C estão mais próximas da realidade que os outros tipos, pois o tratamento gratuito oferecido pelo MS depende dessas informações. Então fica difícil avaliar se, de fato, temos uma tendência de queda no número de casos. Por isso a importância de se notificar todos os tipos”, observou.
Vacina
A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi, explicou que “a vacina é a melhor forma de se prevenir contra a doença”. A vacina contra o vírus do tipo A está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), e está inserida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a cinco anos incompletos. Porém, os casos da hepatite tipo A – originalmente associados à falta de saneamento básico, higiene pessoal e dos alimentos – tem crescido no Brasil devido a prática sexual desprotegida. Os tipos B, C e D também se espalham por transmissão sexual, e a faixa etária que apresentou o maior crescimento de casos confirmados está os homens entre 20 e 39 anos.
A vacina contra a hepatite B é ofertada de graça pelo SUS tanto para crianças como para adultos.
“O mais importante é prevenir: sexo seguro, higienizar as mãos após usar o banheiro, lavar bem os alimentos, ter cuidados com alicates de unha, utilizar apenas material descartável para tatuagem e piercing”, reforçou Alessandra.
Sem tratamento, as hepatites B e C podem levar um paciente ao câncer de fígado ou cirrose. Não existe vacina para evitar a hepatite tipo C, mas com o tratamento adequado (que pode levar de três a seis meses) a chance de cura é de 95%.
“Já o tratamento da hepatite tipo B é mais prolongado e difícil, e em muitos casos o paciente precisa usar um medicamento durante toda a vida”, disse o médico André Prudente, diretor-geral do Hospital Giselda Trigueiro.
2008 – 45.410
2018 – 42.383, sendo: 2.149 (A); 13.992 (B); 26.167 ©; e 145 (D)
Redução de 7% no período
Cenário epidemiológico de 1999 a 2018
632.814 casos de hepatite confirmados no Brasil, sendo:
Tipo A: 167.108 casos (26,4% do total). Índice com forte tendência de queda a partir de 2014. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde aponta queda de 83,3% nas notificações de hepatite A no período
RN – 2.654 casos confirmados de hepatite tipo A (número que representa 5,2% dos casos do Nordeste)
Nordeste – 50.561 casos confirmados (ou 30,3% das notificações do Brasil)
Tipo B: 233.027 casos confirmados de hepatite tipo B (36,8%)
RN – 793 casos (3,4% do NE)
Nordeste – 23.166 casos (9,9% do Brasil)
Tipo C: 228.695 casos confirmados (36,1%). Índices cresceram de forma intensa a partir de 2014
RN – 873 notificações (6,1% dos casos no NE)
Nordeste – 14.339 casos confirmados (6,3% frente à taxa nacional)
Tipo D: 3.984 casos (0,7%)
RN – 8 notificações (3,7% dos números no NE)
Nordeste – 219 casos notificados (ou 5,5% do total). à A região Norte concentra 74,9% dos casos confirmados
Óbitos:
2007 – 2.402
2017 – 2.184 (queda de 9% no período)
Mortes entre 2000 e 2017 por causas básicas e associadas às hepatites A, B, C e D
70.671 total de óbitos, sendo:
Tipo A: 1.142 (1,6%)
RN – 44 mortes
Nordeste – 386 óbitos
Tipo B: 15.033 (21,3%)
RN – 118 mortes
Nordeste – 2.100
Tipo C: 53.715 (76%)
RN – 302
Nordeste – 5.373
Tipo D: 781 (1,1%)
RN – 2 mortes
Nordeste – 77
Fonte: Boletim Epidemiológico Hepatites Virais 2019 – Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde