Estado registra 302 mortes por hepatite C entre 2000 e 2017

A Organização Mundial da Saúde estima que, todos os anos, mais de 1,7 milhão de pessoas morrem de causas associadas a algum tipo de hepatite ao redor do mundo.  De acordo com dados do Boletim Epidemiológico Hepatites Virais 2019 publicado ontem (segunda, 22) pelo Ministério da Saúde, entre os anos de 2000 e 2017, os óbitos por hepatite C no Rio Grande do Norte somaram 302, e no Nordeste 5.373 pessoas morreram por causa da doença. Entre os tipos de hepatites, no RN foram registrados, entre os anos de 1999 e 2018, 2.654 casos de hepatite tipo A; 793 casos do tipo B e notificados 873 casos do tipo C. Autoridades locais chamam a atenção para as subnotificações.

No Brasil,  neste mesmo período, o número alcançou a marca de 70.671, sendo que 53.715 delas (ou 76% das mortes) estão relacionados ao tipo C da doença que provoca inflamação no fígado. A região Sudeste concentra 34,9% das notificações para hepatite tipo B (ou 81.282 casos); e 228.695 casos do tipo C, ou 36,1% do total das notificações no período levantado pelo Ministério da Saúde.

O documento do MS foi divulgado às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, data celebrada anualmente em 28 de julho, e reforça a campanha “Julho Amarelo” que chama atenção para a prevenção e tratamento dos diversos tipos de hepatite. Além do vírus tipo C, as hepatites tipo A e B também são comuns em todo o País, enquanto o tipo D tem menor incidência e está concentrado na região Norte; já a verificação do vírus tipo E é mais “esporádica” registrou o Boletim elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde.

Segundo o Ministério da Saúde houve uma redução de 7% dos casos de hepatite no País ao longo da última década, de 2008 a 2018, mas os índices ainda estão longe da erradicação da doença pretendida até 2030 conforme compromisso assumido pelo Brasil com a OMS.

Em 2019, cerca de 50 mil pacientes devem receber tratamento do MS contra a hepatite C no Brasil. Ainda de acordo com estimativas do órgão, mais de 500 mil brasileiros convivem com o vírus tipo C sem saber, pois a doença é assintomática (não exibe sintomas).

“Difundir informações sobre a doença, como prevenção e tratamento, é a melhor forma de combater a incidência de hepatite”, garantiu Alessandra Lucchesi, subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). A gestora afirmou que o foco principal é o combate à hepatite tipo C, “o tipo que mais mata, mas tem cura (em 95% dos casos) se o paciente seguir corretamente o tratamento. Por isso precisamos difundir ao máximo as medidas de prevenção”.

Alessandra acredita que a redução verificada pelo Ministério da Saúde quanto ao número de notificações da doença, deve considerar a subnotificação dos casos. “As notificações da hepatite C estão mais próximas da realidade que os outros tipos, pois o tratamento gratuito oferecido pelo MS depende dessas informações. Então fica difícil avaliar se, de fato, temos uma tendência de queda no número de casos. Por isso a importância de se notificar todos os tipos”, observou.

Vacina
A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi, explicou que “a vacina é a melhor forma de se prevenir contra a doença”. A vacina contra o vírus do tipo A está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), e está inserida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a cinco anos incompletos. Porém, os casos da hepatite tipo A – originalmente associados à falta de saneamento básico, higiene pessoal e dos alimentos – tem crescido no Brasil devido a prática sexual desprotegida. Os tipos B, C e D também se espalham por transmissão sexual, e a faixa etária que apresentou o maior crescimento de casos confirmados está os homens entre 20 e 39 anos.

Infectologista André Prudente, diretor do Hosp. Giselda Trigueiro

Diretor do Giselda Trigueiro, André Prudente, afirma que pacientes aguardam medicamentos

A vacina contra a hepatite B é ofertada de graça pelo SUS tanto para crianças como para adultos.

“O mais importante é prevenir: sexo seguro, higienizar as mãos após usar o banheiro, lavar bem os alimentos, ter cuidados com alicates de unha, utilizar apenas material descartável para tatuagem e piercing”, reforçou Alessandra.

Sem tratamento, as hepatites B e C podem levar um paciente ao câncer de fígado ou cirrose. Não existe vacina para evitar a hepatite tipo C, mas com o tratamento adequado (que pode levar de três a seis meses) a chance de cura é de 95%.

“Já o tratamento da hepatite tipo B é mais prolongado e difícil, e em muitos casos o paciente precisa usar um medicamento durante toda a vida”, disse o médico André Prudente, diretor-geral do Hospital Giselda Trigueiro.

Prudente informou que no Rio Grande do Norte há “vários pacientes aguardando” que o Ministério da Saúde envie o tratamento para a hepatite tipo C. “Faz alguns meses que não estamos recebendo esses medicamentos do MS. O Ministério alegou que a licitação para compra de novos medicamentos teve alguns entraves burocráticos, mas a promessa é que uma nova remessa chegue até o fim de julho. É um tratamento nominal, que requer cadastro da notificação no sistema do Ministério para ter acesso”. Após a notificação do caso, o retorno do MS leva de 30 a 45 dias.
Números – Total de casos notificados no Brasil: 

2008 – 45.410

2018 – 42.383, sendo: 2.149 (A); 13.992 (B); 26.167 ©; e 145 (D)

Redução de 7% no período

Cenário epidemiológico de 1999 a 2018
632.814 casos de hepatite confirmados no Brasil, sendo:

Tipo A: 167.108 casos (26,4% do total). Índice com forte tendência de queda a partir de 2014. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde aponta queda de 83,3% nas notificações de hepatite A no período

RN – 2.654 casos confirmados de hepatite tipo A (número que representa 5,2% dos casos do Nordeste)

Nordeste – 50.561 casos confirmados (ou 30,3% das notificações do Brasil)

Tipo B: 233.027 casos confirmados de hepatite tipo B (36,8%)

RN – 793 casos (3,4% do NE)

Nordeste – 23.166 casos (9,9% do Brasil)

Tipo C: 228.695 casos confirmados (36,1%). Índices cresceram de forma intensa a partir de 2014

RN – 873 notificações (6,1% dos casos no NE)

Nordeste – 14.339 casos confirmados (6,3% frente à taxa nacional)

Tipo D: 3.984 casos (0,7%)

RN – 8 notificações (3,7% dos números no NE)

Nordeste – 219 casos notificados (ou 5,5% do total). à A região Norte concentra 74,9% dos casos confirmados

Óbitos:
2007 – 2.402

2017 – 2.184 (queda de 9% no período)

Mortes entre 2000 e 2017 por causas básicas e associadas às hepatites A, B, C e D 
70.671 total de óbitos, sendo:

Tipo A: 1.142 (1,6%)

RN – 44 mortes

Nordeste – 386 óbitos

Tipo B: 15.033 (21,3%)

RN – 118 mortes

Nordeste – 2.100

Tipo C: 53.715 (76%)

RN – 302

Nordeste – 5.373

Tipo D: 781 (1,1%)

RN – 2 mortes

Nordeste – 77

Fonte: Boletim Epidemiológico Hepatites Virais 2019 – Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde

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