Neste dia 14 de julho, o América-RN passará o aniversário de 103 anos de uma forma bem diferente dos anos anteriores: sem qualquer atividade no futebol profissional. Eliminado pelo Imperatriz na segunda fase da Série D do Brasileirão deste ano, ainda em junho, o Alvirrubro vive um momento de limbo e ficará seis meses sem entrar em campo em uma competição oficial. Só retornará aos gramados no início do Campeonato Potiguar, em janeiro de 2019. Assim, viverá essa data simbólica sem ter muito o que comemorar, mas muito com o que desejar.
O clube passa por um dos momentos mais difíceis da sua história centenária. Neste ano, terminou a temporada sem o título de nenhum dos turnos do estadual, foi eliminado na primeira fase da Copa do Brasil, desclassificado na pré-Copa do Nordeste, além da queda precoce na Série D, competição que disputará pela terceira vez seguida em 2019.
O balanço, claro, não é bom. E o fato já foi admitido pela diretoria, que avaliou as escolhas dos técnicos como equivocadas, por exemplo. Em meio ao momento inativo do rubro, a reportagem do GloboEsporte.com entrou em contato com o presidente do clube, Eduardo Rocha, para comentar a data comemorativa neste momento delicado pelo qual passa o América-RN, além de fazer uma espécie de balanço e projetar o ano de 2019.
– Mesmo se a gente tivesse chegado na final, o ano acabaria em agosto, né? Ninguém fala também que a Série C acaba pra muita gente também já agora nos próximos dias. É que quando se perde, parece que se fez tudo errado. Vocês (imprensa) pintam como se tudo estivesse errado, que nada está certo, mas não é assim – disse o dirigente, em tom irritado, por telefone.
Rocha explica que o objetivo, que ficou nítido no início deste ano, era dar continuidade ao que havia sido feito na Série D de 2017, com a manutenção no início da temporada do técnico Leandro Campos e parte do elenco. Ele avalia também que a escolha de Ney da Matta era vista, inicialmente, como interessante pelo histórico de acessos – com Boa Esporte e CSA -, mas lamenta os pênaltis desperdiçados no mata-mata contra o Imperatriz. O dirigente julga que “a coisa não aconteceu”.
– Foi um ano em que a gente se planejou, se reapresentou em novembro (de 2017), um dos primeiros do Brasil. Mantivemos o treinador (Leandro Campos), que se dizia que o trabalho tinha sido bem feito e que foi apenas um jogo em que o time falhou (contra Juazeirense) no ano anterior. Contrariamos o que sempre se faz, que é demitir de um ano para o outro. Pegamos os melhores do time do ano anterior e renovamos – explicou Eduardo.
– Depois trouxemos um treinador com dois acessos (Ney da Matta). Aí o jogador cobra o pênalti daquele jeito na decisão. É que, pra qualquer coisa que dá errado, a crítica é em cima da diretoria, a imprensa sempre critica a diretoria. Nós fizemos um planejamento, mas a coisa não aconteceu – completou.
O ano segue
Segundo o dirigente, o clube ainda paga uma folha mensal de funcionários, que ele garante estar em dia, apesar da inatividade do futebol, principal fonte de receita. Ele cita ainda que é cobrado para “profissionalizar o futebol” do Alvirrubro, mas alega que a receita atual é de cerca de R$ 3 milhões por ano – R$ 9 milhões a menos do que era em 2014, quando o América estava na Série B.
– Está muito difícil fazer futebol hoje em dia, inclusive com públicos ridículos – diz.
Sobre o momento atual, Eduardo Rocha explica que “não tem muito o que dizer”, mas garante trabalhar até o último dia da gestão – que encerra no final do próximo ano – para conseguir tirar o clube da Série D e evoluir. E antecipa que essa será sua última vez à frente do América-RN.
– Eu, particularmente, estou de saco cheio. Quando acabar esse meu mandato, vou sair e só cuidar das minhas coisas – falou.
Planos para 2019
O América-RN volta aos treinos do time profissional no dia 25 de novembro. Hoje, conta com seis jogadores – cinco deles da base – no elenco e que devem fazer parte do grupo do próximo ano: o goleiro Ewerton, os volantes Jadson, Judson e Juninho e o atacante Thyago, além do zagueiro Richardson.
O lateral-esquerdo Danilo e o atacante Adriano Pardal também têm contrato com o América-RN e estão emprestados ao Cuiabá, mas não tiveram os nomes citados pelo dirigente.
Apesar das especulações quanto aos nomes para treinador do América-RN na próxima temporada, o presidente Eduardo Rocha negou que haja qualquer negociação em curso neste momento.
– Por enquanto não estamos pensando na escolha da comissão técnica. Não tem nada. Isso será discutido depois. Nós retornaremos aos treinos apenas no mês de novembro – disse o mandatário.
Há ainda a busca por uma parceria com o Cruzeiro, para onde o América-RN emprestou três jogadores das categorias de base neste ano. Eduardo Rocha explica que o clube mineiro “se mostrou receptível”, mas que ainda é preciso “estreitar essas conversas”, já que nada foi acordado até aqui.
Uma das buscas efetivas da atual direção para o próximo ano é inaugurar a Arena América. O estádio está em construção desde o ano de 2012 e tem servido como local de treino há algum tempo, mas ainda não está pronto para jogos oficiais. A atual gestão já prometia o uso do estádio neste ano, o que não aconteceu.
– Há um sentimento no clube de que jogaremos na Arena América em 2019. Não dá pra estimar quando, mas nosso objetivo é de que inauguremos a Arena América de qualquer forma em 2019. Hoje a situação está mais difícil ainda porque não estamos recebendo dinheiro dos contribuintes de cadeiras e camarotes – contou.
Mudança nas bases
Sem atividade no futebol profissional, o América-RN movimentou a base neste mês de aniversário. O Alvirrubro escolheu o ex-técnico do Força e Luz, Jocian Bento, como o novo coordenador das categorias de base do clube.
– É um estudioso, tem muita noção de futebol. Mostrou que é um profissional extremamente competente ao conseguir segurar o Força e Luz na primeira divisão com as dificuldades do clube. Mas os trabalhos dele sempre foram voltados e dedicados às bases. Foram dois a três meses de conversas com ele, não foi do nada. É um projeto a médio prazo. Hoje temos cinco ou seis jogadores no grupo principal e pretendemos ter cerca de oito no futuro. Como uma forma de baratear custos e negociar atletas também – destacou Eduardo Rocha.
O dirigente explica ainda que já tem dedicado o olhar para as categorias de base desde que assumiu o comando do clube, no final de 2017. Ele lembra o título estadual conquistado pelo Alvirrubro na categoria sub-19 após cinco temporadas.
– Buscamos fomentar a base neste período, tanto que ela foi campeã sub-19 depois de cinco anos. Hoje ela nos dá seis jogadores ao time profissional. Isso não é por acaso – c.
POR GE RN