Apesar da justificativa principal apontada tenha sido essa redução na procura presencial do atendimento, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve no local onde funcionava a antiga agência da Amil na capital potiguar durante a tarde de ontem e percebeu que muitos clientes continuaram se dirigindo ao local, mesmo com o encerramento de suas atividades. Durante cerca de 30 minutos que a reportagem esteve no local, cerca de 20 pessoas foram recebidos por um vigilante de uma empresa terceirizada da Amil, que, brevemente, reiterava o fechamento da agência e entregava um panfleto para o beneficiário. No papel, haviam instruções sobre como continuar desfrutando dos serviços que eram ofertados pela agência de atendimento, explicando que estes seguiam disponibilizados por outros canais de atendimento da empresa (site, aplicativo e central de atendimento por telefone).
A aposentada Maria de Lourdes Matias, de 65 anos, foi uma das clientes que esteve no local e afirmou que não foi notificada da decisão. Ela foi à agência para emitir a segunda via de seu boleto de pagamento. “Recebi com surpresa. Tenho receio pois o plano de saúde que pago não é barato, não sei se continuarei usufruindo dos benefícios”, disse.
A maioria dos funcionários da unidade já não estava mais dando expediente no local. Além do vigilante, uma recepcionista da Amil falou com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, porém não soube explicar por quantos dias permaneceriam no local para reafirmar que as atividades naquela agência tinham sido encerradas. “Estamos repassando aos clientes as recomendações que a empresa nos passou. Os serviços podem continuar sendo solicitados digitalmente, sem prejuízo nenhum para o beneficiário”, afirmou.
A assessoria da Amil não informou quantos clientes a empresa tem atualmente no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará.
Apesar da empresa atribuir o fechamento das agências de atendimento com a queda na procura ao atendimento presencial, quem trabalha com o setor aponta que o momento da Amil também pode ter contribuído para a decisão. Diretor de uma corretora de planos de saúde, Jonatas Barbalho afirmou que recebeu com tristeza a decisão e reiterou que a mudança não significa do fim da operação da empresa em Natal, Fortaleza e Olinda, porém comenta que percebeu a “queda na procura” dos serviços da corporação há algum tempo. “Há cerca de dois anos percebemos essa tendência”.
Jonatas atribui a queda ao momento econômico que o país enfrenta até hoje e afirmou que todas as empresas de assistências médicas sentiram esse baque, porém em níveis diferentes. “A Amil atuava, principalmente, em classes mais altas da economia. Até esses clientes nos procuraram para adequar seus planos”, afirmou o gestor. Jonatas atribuiu essa mudança, entre outros fatores, a operação de venda da empresa brasileira a americana UnitedHealth. “Eles tentaram administrar a operação dos planos aqui, como fazem lá. Não funcionou”, comentou.
Venda
Em outubro de 2012, após uma negociação que durou três anos, a americana UnitedHealth acertou a compra de 90% do capital da Amil, que na época era a maior operadora de planos de saúde do Brasil. O preço da operação chegou a US$ 4,9 bilhões, que equivalia naquela época, a R$ 9,89 bilhões. Fundador e principal executivo da Amil, Edson Bueno firmou acordo e permaneceu com 10% das ações remanescentes da Amil até 2017, justamente o ano do seu falecimento.
Nota
A Amil informa que as atividades das agências de atendimento de Natal, Fortaleza e Olinda foram encerradas no dia 01/10, conforme comunicado enviado aos clientes. Essa decisão se deve à redução significativa do atendimento presencial, uma vez que os clientes têm preferido utilizar os serviços digitais, que proporcionam mais comodidade e agilidade. Pelo app Amil Clientes ou pelo site, são realizados agendamentos de consultas e exames, pedidos de reembolso, esclarecimentos sobre coberturas contratadas, segunda via de boletos, cancelamentos de plano, entre outros serviços. Os clientes ainda tem à disposição 24 horas por dia, a Central de Atendimento e o Amil Ligue Saúde.