Veja quem são as vítimas do ataque em Suzano, na Grande São Paulo

O ataque que deixou ao menos oito mortos na escola estadual Professor Raul Brasil nesta quarta-feira (13) em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, vitimou cinco alunos, duas funcionárias e um empresário. Outras 11 pessoas ficaram feridas.

Os alunos foram identificados como Cleiton Antonio Ribeiro, 17; Caio Oliveira, 15; Samuel Melquiades Silva de Oliveira, 16; Douglas Murilo Celestino, 16; e Kaio Lucas da Costa Limeira, 15.

Também morreram no ataque Marilena Ferreira Umezu, 59, coordenadora pedagógica, e Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38, inspetora de ensino.

O empresário Jorge Antonio Moraes, proprietário de uma revendedora de carros, era tio de Guilherme Taucci Monteiro, 17, um dos atiradores. Ele foi baleado em sua loja, que fica próxima à escola, pouco antes do ataque.

O adolescente Douglas Murilo Celestino, 16, morreu com um tiro na cabeça, disse o professor de história Robson Belchior, seu tio. O corpo estava no Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes.

Segundo Robson, Douglas era um adolescente tranquilo. “Um moleque alegre, gente boa, participava muito da escola”.

O filho da funcionária pública Luzia Bárbara, 45, sobreviveu ao ataque pulando o muro. O menino era muito amigo de Douglas. “Ele vivia lá em casa, jogando vídeo game, bola, andando de bicicleta”, conta ela, que foi ao hospital saber notícias de Douglas. “Ele era uma excelente pessoa, ia para a igreja todo domingo”.

Segundo os amigos, Douglas gostava de andar de skate, de jogar futebol e era ótimo desenhista. “Ele era corintiano roxo. Estava me ensinando a andar de skate”, afirma Luiz, de quem era próximo.

Douglas Murilo Celestino, umas das vítimas do massacre em Suzano
Douglas Murilo Celestino, umas das vítimas do massacre em Suzano – Reprodução/Facebook

Outro adolescente, Cleiton Ribeiro, 17, era conhecido por ser o mais focado nos livros entre os 30 alunos da turma A do 3 ano do ensino médio da Raul Brasil.

Segundo os amigos, o estudante sonhava em passar de primeira no vestibular. Era tão quieto que nem falava qual curso ou universidade pretendia entrar.

Igor Ribeiro, 16, viu os últimos minutos de vida do amigo Cleiton. Assim que ouviram os disparos, correram pelo pátio e, na tentativa de se esconderem no prédio do centro de línguas, um tiro atingiu Cleiton.

“Não conseguimos entrar no centro de línguas porque o portão estava fechado. Foi aí que o meu amigo morreu atingido por dois disparos”, relata Igor, que saiu ileso ao pular o muro do colégio. “Eu não sei o que vai ser daqui para frente. Como voltaremos para essa escola?”.

Cleiton Antonio Ribeiro, 17, adolescente morto no massacre na escola Raul Brasil, em Suzano
Cleiton Antonio Ribeiro, 17, adolescente morto no massacre na escola Raul Brasil, em Suzano – Reprodução

Samuel Melquíades, 16, tinha como principal lazer o desenho. O garoto publicava nas redes sociais fotos em que estava em sua mesa de desenho e também das suas produções, algumas dedicadas especialmente a personagens dos jogos de videogame, como Link, da série Zelda, o porco-espinho Sonic e também o dinossaurinho Yoshi, da série de jogos protagonizada pelo encanador Mario.

Na segunda-feira (11), viajou com o pai, Gercialdo Melquíades, para Jacareí. Segundo o pai, desenharam juntos pela primeira vez nesse dia.

“Ele era um menino de ouro, fantástico, educado. Sempre ouvia, e todos diziam que ele era um menino que entendia. Em Jacareí, onde fica o nosso tempo, passamos a tarde inteira desenhando juntos, pela primeira e única vez. Foi um dia muito agradável, agradeço a Deus por esse dia e por ter sido pai dele”, diz Gercialdo, que tinha uma despedida especial diária com Samuel.

“Todos os dias a gente se cumprimentava com um toque, tipo um soco na mão do outro. E hoje da manhã não foi diferente. Eu estava cansado, meio doente, gripado, e ele chegou, ‘tchau, pai’, eu dei a mão e ele bateu”.

Samuel Melquíades de Oliveira, umas das vítimas do massacre em Suzano
Samuel Melquíades de Oliveira, umas das vítimas do massacre em Suzano – Reprodução/Facebook

Caio Oliveira, 15, estava no 1º ano do ensino médio. Muitos de sua família haviam estudado no colégio. “Era muito inteligente”, lembra a professora de inglês Jacqueline Mota.

Em homenagem em rede social, uma amiga sua lembrou sua lealdade e companheirismo. “Mano, eu te mandei áudio hoje 10:53 falando: ‘caio quando você voltar vou te dar uma surra por me deixar preocupada’. E você não voltou, Caio, você não voltou”, escreveu.

Caio Oliveira, 15, um dos estudantes que morreu no ataque em Suzano
Caio Oliveira, 15, um dos estudantes que morreu no ataque em Suzano – Reprodução/Facebook

Kaio Lucas Costa Limeira, 15, foi descrito como “evangélico e tranquilo” por familiares. Segundo sua prima,  a auxiliar de advocacia Francine D’ Angelo, 32, “dos primos ele era o mais tranquilo. Adorava jogar futebol.”

Boa parte do conteúdo publicado por Kaio nas redes sociais era relacionado a esportes. Torcedor do Real Madrid, ele também lutava judô. Uma das fotos em que Kaio aparece em luta, com um quimono azul, é comentada em tom de brincadeira por Caio Oliveira, que também morreu no massacre.

“Ala nem lavava o pé”, escreveu o amigo.

Kaio Lucas, 15, uma das vítimas do ataque em Suzano
Kaio Lucas, 15, uma das vítimas do ataque em Suzano ORG XMIT: HTyttTNWFZN_Yr1YTCpV – Reprodução/Facebook

Marilena Umezu, 59, era coordenadora pedagógica da escola. Nas palavras de Álvaro Dias, que deu aulas no colégio até o ano passado, ela era uma espécie de meio de campo entre a direção e os professores. “Todos os professores gostavam muito dela, porque era o nosso ponto de apoio”, lembra.

Em 19 de janeiro, Marilena postou em uma rede social uma publicação contra a facilitação do acesso a armas no país. “Somos a favor do porte de livros, pois a melhor arma para salvar o cidadão é a educação”, dizia o texto.

A coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezo foi morta pelos atiradores em Suzano
A coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezo foi morta pelos atiradores em Suzano – Reprodução/Facebook

Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38, funcionária da escola, era uma espécie de faz-tudo da escola: ajudava a controlar a entrada e saída de alunos, passava recados e entregava livros e materiais aos alunos. “Era uma simpatia e muito educada”, lembra uma colega.

Eliana Regina de Oliveira Xavier, agente de organização escolar, uma das vítimas do ataque
Eliana Regina de Oliveira Xavier, agente de organização escolar, uma das vítimas do ataque – Reprodução/Facebook
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