O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi o quinto entrevistado da Central das Eleições, da GloboNews, nesta sexta-feira (3).
A entrevista foi feita por Míriam Leitão, Valdo Cruz, Merval Pereira, Andréia Sadi, Fernando Gabeira, Gerson Camarotti, Mario Sergio Conti, Cristiana Lôbo e Roberto D’Avila.
A série de entrevistas teve também Alvaro Dias (Podemos), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Jair Bolsonaro. Leia:
“O aumento do salário mínimo não pode ser superior ao aumento do salário mínimo de referência dos aposentados [de quem recebe acima do mínimo]. Não podemos ir condenando ano após ano o salário dos aposentados, ou melhor, os proventos dos aposentados diminuindo. […] Por exemplo, mais ou menos, quem se aposentou com dez salários mínimos tá ganhando meia dúzia. Quem se aposentou com cinco há um tempo atrás, tá com quatro, isso tem que deixar de acontecer”
#FATO: O piso das aposentadorias do INSS é o valor do salário mínimo. Quando um aumenta, o outro aumenta no mesmo percentual. Para os benefícios maiores que o piso, a política de reajuste em vigor é diferente e varia conforme o INPC. Já o reajuste do salário mínimo é definido pela inflação do ano anterior mais o PIB de 2 anos antes. Essa regra vale até o ano que vem.
De 1998 até 2016, as pensões e aposentadorias maiores que um salário mínimo tiveram reajustes anuais menores do que quem recebe um salário mínimo. Mas nos 2 anos seguintes isso não aconteceu. Em 2017, o reajuste das aposentadorias e benefícios do INSS de quem ganha acima de um salário mínimo foi de 6,58%, superior ao aumento do salário mínimo, cujo reajuste foi de 6,48%. Em 2018, o reajuste também foi maior: 2,07% contra 1,81%.
“Primeiramente, por ocasião da leitura do relatório, da ação penal 470, mensalão, o senhor Joaquim Barbosa se referiu à minha pessoa como o único deputado da base aliada que não foi comprado pelo PT”
#NÃOÉBEMASSIM: A citação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa sobre Bolsonaro se referiu a uma votação específica que aconteceu em outubro de 2003, e não a todo o esquema do mensalão.
Durante o seu voto no julgamento, Barbosa citou a votação da Lei de Falências para exemplificar a compra de votos no Congresso. Ele afirmou que “os líderes dos quatro partidos cujos principais parlamentares receberam recursos em espécie do Partido dos Trabalhadores orientaram suas bancadas a aprovar o projeto” e que “somente o sr. Jair Bolsonaro, do PTB, votou contra a aprovação da referida lei”. “Todos os demais votaram no sentido orientado pelo líder do governo e do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados”, disse, na ocasião.
O ex-ministro afirmou, porém, que “vários parlamentares do PT também desobedeceram à orientação da liderança do partido e do governo e votaram contra a subemenda em referência”.
“Eu fui citado pelo senhor Alberto Youssef por ocasião também da sua delação premiada, que eu fui um dos três deputados que não fui pegar dinheiro na Petrobras”
#FATO: Em depoimento prestado em outubro de 2014 com base em acordo de delação premiada da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef detalhou o esquema de corrupção no Partido Progressista (PP), em que políticos recebiam pagamentos em troca de apoio em votações. Em vídeo, ele citou o nome de três parlamentares que não recebiam dinheiro: Ana Amélia, Paulo Maluf e Bolsonaro.
“O Brasil tem mais da metade do seu território demarcado, entre terra indígena, parque nacional, quilombola, proteção ambiental, etc, um monte de coisa”
#NÃOÉBEMASSIM: As terras e reservas indígenas, áreas de conservação ambiental e destinadas a territórios quilombolas somam 43% dos 8,5 milhões de km2 do território brasileiro – menos da metade. O tamanho, no entanto, é expressivo. As 556 terras indígenas homologadas ou nas demais fases de demarcação no país, além das 50 reservas indígenas regularizadas ou em processo de regularização, têm área de 1,171 milhões de km2, de acordo a Fundação Nacional do Índio (Funai), o que representa 13,8% do território.
Dados do Ministério do Meio Ambiente apontam que as unidades de conservação ambiental, que incluem parques, áreas de proteção e reservas, somam mais 2,4 milhões de km2, 29% do território do país.
Segundo relatório do Incra, atualizado em março de 2018, os territórios quilombolas têm 25.324 km2, o que equivale a 0,3% da área do país. No entanto, mais de 200 comunidades quilombolas ainda não têm o título definitivo. Elas estão na segunda e terceira etapas do processo de regularização, que consiste na confecção e publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), um levantamento sobre informações cartográficas, fundiárias, agronômicas, ecológicas, entre outras.
“Eu nunca fui homofóbico”
#FAKE: A Justiça do Rio condenou, em segunda instância, Jair Bolsonaro por dano moral coletivo, com pagamento de multa de R$ 150 mil, por declarações homofóbicas no programa CQC, da TV Bandeirantes. Em setembro do ano passado, os desembargadores da 6ª Câmara Cível confirmaram a decisão da primeira instância por três votos a dois. A defesa de Bolsonaro apresentou novo recurso em fevereiro deste ano. Ele ainda será julgado.
A ação civil pública foi ajuizada pelo Grupo Diversidade Niterói, Grupo Cabo Free de Conscientização Homossexual e Combate à Homofobia e Grupo Arco-Íris de Conscientização.
A entrevista foi concedida por Bolsonaro no dia 28 de março de 2011. Em resposta à pergunta “o que você faria se tivesse um filho gay?”, ele respondeu: “Isso nem passa pela minha cabeça porque tiveram uma boa educação, eu fui um pai presente, então não corro esse risco”.
Bolsonaro também foi questionado se iria a um desfile gay, caso fosse convidado, e respondeu: “Eu não iria porque eu não participo de promover os maus costumes, né, até porque acredito em Deus, tenho uma família, e a família tem que ser preservada a qualquer custo, senão a nação simplesmente ruinará”. Ele também declarou: “Eu tenho o direito de falar né, tenho imunidade para isso, não é para defender o que eu bem entender, me chama de maluco, é outra história, mas não me chama de homossexual, de racista, nem de ladrão”.
No programa, o deputado também afirmou: “Eu não tenho qualquer informação que um filho meu tenha um comportamento homossexual com quem quer que seja, até porque tudo o que esses bichas têm para oferecer, as mulheres têm e é melhor”. Questionado se aceitaria o voto de um dos gays que vão à Parada Gay, Bolsonaro respondeu: “Aí não tem problema nenhum, voto é muito bem-vindo, e tão votando num macho, eles não querem votar em boiola, é que boiola não atende os sonhos deles, tão votando num macho”.
Em sua decisão, a juíza Luciana Santos Teixeira, da 6ª Vara Cível do Fórum de Madureira, disse que Bolsonaro “expressou publicamente suas ideias de que a orientação homossexual é resultado de falta de educação, caracterizando maus costumes, incompatíveis com crença em Deus e com a preservação da entidade familiar, podendo conduzir à ruína da nação. Sugeriu, ainda, que homossexuais poderiam votar em um heterossexual por reconhecimento à sua superioridade. Afirmou que filhos homossexuais não podem ser motivo de orgulho, comparando ter um filho homossexual à morte”.
Para a magistrada, as declarações de Bolsonaro “implicam em retrocesso na luta contra o preconceito e pelo reconhecimento da igualdade e isonomia entre cidadãos”.
“Eu gosto do Trump. (…) Ele está fazendo a América grande. Inclusive, informações de agora há pouco, um assentador de azulejos está ganhando US$ 120 por hora”
#FAKE: O setor de estatísticas do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informa em seu site que um assentador de azulejos ganha, em média, US$ 20,04 por hora. Esse valor é o equivalente a R$ 74. Esse número oficial é parecido com os dados informados por sites que reúnem informações sobre empregos e salários, como Indeed e Payscale. Ambos indicam que um assentador de azulejos recebe, por hora, US$ 18,73 e US$ 18,62, respectivamente – ou seja, cerca de R$ 70.