A vacina experimental contra o novo coronavírus feita em parceria pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca é segura e produziu resposta imune no início dos ensaios clínicos em voluntários saudáveis, segundo os dados publicados nesta segunda (20) na revista médica Lancet.
A vacina não causou efeitos adversos graves e provocou respostas imunes de anticorpos e das células T, outras células de defesa do corpo humano.
“Esperamos que isso signifique que o sistema imune se lembrará do vírus e, assim, a vacina proteja as pessoas por um longo período”, disse o principal autor do estudo, Andrew Pollard, da Universidade de Oxford. “No entanto, precisamos de mais pesquisas antes de confirmar que a vacina é eficaz em proteger contra o coronavírus e por quanto tempo a proteção vai durar.”
Essa vacina é uma das mais avançadas entre as candidatas na corrida pela imunização contra o coronavírus Sars-CoV-2.
A imunização de Oxford usa um vírus para levar material genético do Sars-CoV-2 para dentro das células. Trata-se do adenovírus ChAdOx1, que causa gripe comum em chimpanzés, mas geneticamente modificado e enfraquecido.
A ideia é expor o organismo humano à proteína S (de “spike” ou espícula, o gancho molecular usado pelo Sars-CoV-2 para se conectar às células humanas). Assim, quando a pessoa entrar em contato com o vírus real, seu corpo já terá um sistema de defesa contra ela.
As fases 2 e 3 do estudo de Oxford pretendem recrutar mais de 10 mil pessoas só no Reino Unido. Na fase 2, os pesquisadores querem avaliar o efeito protetivo da imunização em diferentes faixas etárias. Já a fase 3 contará somente com pessoas acima de 18 anos.
No Brasil, essa vacina já está sendo testada desde o mês passado em São Paulo e no Rio, por meio de parcerias com o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e com o Instituto D’Or (Idor). Os voluntários são cerca de 2.000 profissionais de saúde na linha de frente no combate à Covid-19.
No fim de junho, o Ministério da Saúde anunciou que assinou uma carta-compromisso com a empresa e com a Universidade de Oxford para que a vacina seja produzida no Brasil com a transferência da tecnologia para a Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Na época, Marco Krieger, vice-presidente de inovações da Fiocruz, disse que o Brasil poderia ter a vacina já no início do primeiro semestre de 2021.
O outro teste em fase final que ocorre no Brasil é o do laboratório chinês Sinovac, em parceria de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan, que pode vir a produzi-la em larga escala.
OUTRA VACINA PROMISSORA
A empresa alemã de biotecnologia BioNTech e a farmacêutica norte-americana Pfizer divulgaram tambem nesta segunda-feira dados adicionais de sua vacina experimental contra o coronavírus que mostraram que ela é segura e induziu resposta imunológica nos pacientes.
Os resultados se referem a um teste feito na Alemanha com 60 voluntários saudáveis e são divulgados após as companhias anunciarem mais cedo neste mês dados de um teste em estágio inicial correspondente feito nos Estados Unidos.