No primeiro diálogo das equipes de resgate com os 12 meninos e um técnico de futebol presos na caverna Tham Luang, na Tailândia, mostra que o grupo está faminto e ansioso para deixar o local após 10 dias de isolamento. As operações de resgate prosseguem, mas eles ainda podem esperar meses para voltar à superfície.
A primeira pergunta que um dos 12 meninos faz é: “A gente vai sair hoje?”, de acordo com a transcrição do diálogo reproduzido pela rede americana CNN. Após 10 dias de isolamento, o menino agradece ao socorrista, que chegou até eles na segunda-feira (2), e pede comida. Veja o diálogo:
Meninos: Hei, você, obrigado, obrigado!
Socorrista: Vocês são quantos?
Menino: Treze
Socorrista: Treze. Brilhante!
Menino: A gente vai sair hoje?
Socorrista: Hoje não. Hoje não. Nós somos dois [socorristas]. Você tem que dizer a eles. Nós estamos chegando. Está ok. Muitas pessoas estão chegando. Nós somos os primeiros.
Menino: Que dia é hoje?
Socorrista: Que dia é hoje? É segunda-feira. Vocês estão aí há 10 dias. Dez dias. Vocês são muito fortes, muito fortes.
Meninos: inaudível
Socorrista: ok. A gente vai voltar. Estamos chegando, estamos chegando.
Meninos: Nós temos fome.
Socorrista: Eu sei, eu sei.
Menino: Diga para eles que temos fome. (em Tailandês)
Menino: Ele disse que eles sabem. (em Tailandês)
Socorrista: Nós estamos chegando, estamos chegando.
Menino: A gente não comeu. A gente tem que comer, comer, comer. (em Tailandês)
Menino: Já falei pra ele.
Socorrista: A Marinha vai chegar amanhã com comida e médicos.
Menino: Estou muito feliz.
Socorrista: Nós estamos felizes também.
Meninos: Muito obrigado, muito obrigado.
Socorrista: ok.
Meninos: De onde vocês são?
Socorrista: Inglaterra, Reino Unido
Meninos: oh!
Sem previsão de saída
Os meninos, que têm entre 11 e 16 anos, e o técnico, de 25 anos, já receberam carne de porco grelhada, arroz e leite, de acordo com comunicado da Marinha tailandesa, divulgado pela CNN. Apesar de debilitados pela fome, eles estão em bom estado de saúde e têm apenas erupções cutâneas.
O grupo se abrigou do tempo ruim após um treino no sábado (23) na caverna que fica no distrito de Mae Sai, perto da fronteira com Mianmar. Porém, a chuva bloqueou a entrada principal da rede subterrânea, que é complexa e tem vários quilômetros de comprimento.
O vice-presidente do British Cave Rescue Council, Bill Whitehouse, que ajudou a liderar a busca afirmou que a estimativa é de que eles estejam a cerca de 2 km da entrada da caverna, em uma profundidade entre 800 m e 1km, de acordo com a CNN.
Apesar de a localização dos meninos ser conhecida, não existe uma previsão para que eles deixem a caverna e não se descarta que eles demorem meses para voltar à superfície. As autoridades afirmam que a prioridade no momento é fazer com que o grupo se fortaleça fisicamente.
“[Nos preparamos para] enviar alimentos adicionais para que possam suportar um período de ao menos quatro meses e treinaremos os 13 para que saibam mergulhar, enquanto continuamos a drenar a água”, disse o capitão da Marinha tailandesa Anand Surawan.
A caverna, que fica em uma região fortemente atingida pelas monções, segue inundada e as chuvas dificultam o resgate.
As equipes utilizam 20 bombas de drenagem para reduzir o nível da água nas partes mais inundadas, mas as fortes chuvas e problemas mecânicos nos equipamentos dificultam a operação. Linhas telefônicas deverão ser estendidas através da caverna para permitir a comunicação dos jovens com seus familiares, de acordo com a Deutsche Welle.
Se não for possível retirar os jovens através do mergulho nas águas lamacentas da caverna, há ainda a possibilidade de realizar uma perfuração do solo para chegar até o grupo ou ainda esperar que as águas retrocedam. Previsões do tempo indicam fortes chuvas durante a semana.