Uma eliminação dolorida. Foi esse o sentimento que marcou Tite e os jogadores após a derrota por 2 a 1 para a Bélgica nas quartas de final. Diante de uma talentosa geração, o Brasil não jogou mal. Pelo contrário. Dominou dois terços do jogo, como disse o treinador, mas caiu diante de um rival mais efetivo e que soube mudar sua tática para seguir na Copa do Mundo. Em um jogo decisivo, a Seleção errou mais do que podia e foi castigada (confira os melhores momentos no vídeo acima).
A bem da verdade é que o Brasil merecia sorte melhor pelo que apresentou em campo. Não seria exagero dizer que a Seleção jogou melhor do que a Bélgica. Quatro anos depois do 7 a 1, a humilhação deu lugar à frustração.
– Com toda a dor que estou sentindo, o amargo, a dificuldade de falar agora, quem gosta de futebol teve prazer de ver esse jogo. Oportunidade aqui, lá. Triangulações, goleiro, opções, transições – resumiu Tite.
A vitória da Bélgica começou antes de a bola rolar. O técnico Roberto Martínez fez mudanças táticas no time. As mais importantes no ataque: Hazard e Lukaku viraram pontas, enquanto De Bruyne jogou de falso 9. A estratégia era jogar nas costas dos laterais brasileiros e deu certo. Foi um primeiro tempo quase perfeito. Com o trio inspirado, os belgas levavam muito perigo nos contra-ataques.
– Acho que jogamos muito bem no primeiro tempo, criamos chances, e eles não sabiam o que fazer – resumiu De Bruyne.
É preciso voltar a repetir: o Brasil não jogou mal. Nem mesmo na etapa inicial. Antes do gol contra de Fernandinho, já tinha criado duas chances para abrir o placar. Numa delas, Thiago Silva acertou a trave de Courtois. As jogadas nasciam quase sempre pela esquerda, nas triangulações entre Marcelo, Coutinho e Neymar.
Após o erro e o gol belga, no entanto, os 20 minutos que foram fatais: a Seleção, que sob o comando de Tite só havia saído atrás duas vezes em 25 jogos até esta sexta-feira, sentiu o golpe. E sofreu dois gols pela primeira vez com o treinador.
– Não gosto de falar em sorte, mas esse circunstancial o jogo tem. Tem que contextualizar. Mesmo tendo a chance de sair na frente, bola na trave… Levamos dois gols e mantivemos o nível. Mas o aleatório, o acidental, ele existe. E hoje bateu. Dói falar isso. Não é desprezo à Bélgica. Mas o aleatório foi cruel conosco. Foi duro demais, duro de engolir – resumiu Tite, lembrando detalhes do jogo antes do primeiro gol.
Enquanto criava e buscava o empate, o Brasil dava espaços atrás – principalmente entre as linhas. Sem Casemiro, suspenso, Fernandinho abusou dos erros. Seja nos passes, seja no gol contra ou no lance do segundo gol: ele teve mais de uma chance para fazer a falta em Lukaku e não a fez. A jogada seguiu até De Bruyne finalizar e marcar. Um 2 a 0 injusto na ida para o intervalo.
Controle no segundo tempo e chances perdidas
Tite voltou do intervalo com Fimino no lugar de Willian. Mudou para o 4-4-2, com Jesus e Coutinho abertos, na mesma formação que venceu o México. O Brasil cresceu e controlou o segundo tempo. Faltou, então, a efetividade que sobrou aos belgas. Enquanto o rival finalizou três vezes na direção do gol e marcou duas vezes, a Seleção finalizou nove e só fez um. No total, foram 26 finalizações do Brasil contra oito da Bélgica.
Repare que o nome de Neymar ainda não foi citado. Ao contrário do jogo contra o México, o camisa 10 não brilhou. Nem ele, nem Coutinho. Outro fator decisivo em um dia de destaque dos craques rivais. O camisa 11 ainda deu a assistência para Renato Augusto diminuir. O meia e Douglas Costa entraram bem no segundo tempo, mas não foi suficiente.
Depois do gol de Renato, a Seleção ainda teve três boas chances para empatar. Firmino e Coutinho chutaram para fora, Neymar parou em Courtois, outro diferencial belga na noite. Por mais que Tite não goste da expressão, faltou um pouquinho de sorte também. E isso – aliado à exibição do Brasil de forma geral na Copa e à expectativa criada – torna a eliminação ainda mais dolorida.
– Talvez pela forma como saímos. De lutar até o último segundo, de uma partida que fizemos o tempo inteiro em cima deles. A confiança era muito grande – resumiu Paulinho.
POR GE