Papa expulsa da Igreja outros dois bispos chilenos por abusos sexuais

Cidade do Vaticano, 13 Out 2018 (AFP) – O papa anunciou neste sábado a expulsão da Igreja de outros dois bispos chilenos por abusos sexuais de menores, ao término de uma audiência privada no Vaticano com o presidente chileno, Sebastián Piñera, em um novo gesto para acabar com a pedofilia na Igreja.

Os bispos Francisco José Cox Huneeis, arcebispo emérito de La Serena, e Marco Antonio Ordenes Fernández, arcebispo emérito de Iquique, receberam a maior punição da Igreja Católica “como resultado de atos manifestos de abuso de menores”, afirmou a Santa Sé em um comunicado.

Os bispos foram “demitidos” do estado clerical “como resultado de atos manifestos de abuso de menores”, afirmou a Santa Sé, citando um artigo específico no documento “Sacramentorum Santitatis Tutela”.

A decisão foi adotada pelo papa na quinta-feira, 11 de outubro, e “não admite recurso”, diz a nota indicando que os dois bispos foram informados em suas respectivas residências por seus superiores.

O anúncio feito por ocasião da visita do presidente chileno ao Vaticano foi interpretado como uma mensagem concreta de que o pontífice está determinado a aplicar com firmeza a “tolerância zero” contra a pedofilia.

A questão foi abordada pelos dois líderes durante a reunião privada na biblioteca particular do papa.

“Tivemos um encontro muito bom e franco com o Papa Francisco, falamos sobre a difícil situação em que vive a Igreja no Chile. Compartilhamos a esperança de que a Igreja possa viver um verdadeiro renascimento e recuperar o afeto e a proximidade do povo de Deus “, disse Piñera em declarações à imprensa no final da reunião, negando-se a responder às perguntas dos jornalistas.

Além da questão delicada da pedofilia, Piñera, que também se reuniu com o número dois do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, tratou de outra questão delicada que envolve o direito internacional e a soberania, o pedido da Bolívia de ter uma saída para o mar.

– Ferimento doloroso -Por sua parte, o Vaticano reconheceu em uma nota que os dois líderes abordaram “a ferida dolorosa do abuso infantil”, enfatizando “o compromisso de todos em colaboração para combater e prevenir a perpetração desses crimes e sua ocultação”.

Em 28 de setembro, o papa expulsou do sacerdócio o influente religioso chileno Fernando Karadima, 88 anos, que formou vários bispos.

Francisco está comprometido com a limpeza da Igreja chilena, atormentada por acusações de abuso sexual de menores e até agora afastou nove bispos.

Em maio último, os bispos chilenos, com mais de trinta anos de vida apostólica, apresentaram sua renúncia em bloco após o encontro com Francisco.

O Ministério Público chileno investiga mais de cem bispos, padres e leigos como autores ou acobertadores em casos de abuso sexual de menores e adultos que se estenderam por quase seis décadas, e solicita informações sobre eles do Vaticano.

Em sua cruzada contra a pedofilia dentro da Igreja, Francisco aceitou no sábado a renúncia do cardeal americano Donald Wuerl, 77 anos, a sua posição de arcebispo de Washington, depois das suspeitas de acobertar casos de abusos sexuais.

Diante da magnitude do fenômeno da pedofilia no meio clerical, o pontífice argentino convocou para fevereiro 2019, no Vaticano, os presidentes de todas as conferências episcopais do mundo para elaborar medidas para “proteger os menores” de idade dentro da instituição.

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