Nesta confusão em que Jair Bolsonaro meteu a si mesmo e o governo pela falta de “clareza” sobre o que é uma conversa, o presidente ficaria chocado ao saber o que é feito pelo WhatsApp e por outros meios de comunicação modernos. Por exemplo, lá em 2010, quando as redes sociais ainda eram só mato, soube que eu não era mais namorada do meu então namorado quando ele trocou o status de relacionamento para “solteiro”.
Eu poderia espernear, o que de fato fiz. Ninguém deveria ser rejeitado em público e sem uma conversa formal. Mas a mensagem foi clara, eu não era mais necessária naquela posição. Tanto faz se por meio das redes sociais, de um Post-it colado no computador ou numa DR ao vivo. Foi covarde, mas eficiente.
O presidente se esforça para mostrar intimidade com a internet. Quer governar pelo Twitter, anuncia medidas, faz pronunciamentos. Nas horas vagas ataca de blogueirinho simplão. Posta fotos no hospital, cuidando da barba, lavando sua própria roupa, comemora mais seguidores. E mesmo com o fim da eleição, com um tanto de trabalho pela frente, tem disposição para tretar com desafetos e atacar a imprensa. Admirável como arruma tempo.
Mas voltando ao WhatsApp e afins, prezado presidente blogueirinho, a troca de mensagens, escritas ou em áudio, configura conversa, sim. Texto, documentos, vídeos, gifs, memes, nudes, gemidão, tudo são formas atuais de comunicação. O seu Twitter está cheio de emojis com a bandeira do Brasil, o polegar positivo e aquela mãozinha que remete a uma arma apontada, e que deixam muito claro o que vossa excelência pensa, sem dizer um A.
Os recursos são tantos que, por meio de apps, dá para fazer mais do que conversar. Dá para estudar, namorar, pular a cerca, gerir uma empresa, fazer reuniões, consulta médica, sexo, começar e terminar relacionamento. Dá até para passar atestado de que o país segue desgovernado.