Justiça decreta prisão de médico denunciado por abusar de mulheres e filmar os crimes no Ceará

A Justiça do Ceará decretou nesta sexta-feira (19) a prisão do médico e prefeito afastado de Uruburetama, suspeito de abusar sexualmente de várias mulheres enquanto realizava atendimentos ginecológicos. O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) havia pedido a prisão preventiva do médico na quarta-feira (17), por considerar que ele apresenta “riscos para a investigação do caso”.

Entramos em contato com o advogado do médico, mas, até as 11h50, a defesa ainda não tinha enviado nenhuma resposta sobre a decretação da prisão preventiva.

A decisão sobre a prisão do médico é do juiz José Cléber Moura do Nascimento. Conforme a decisão judicial, a prisão preventiva é necessária para preservar as provas e evitar influência do acusado.

“A prisão preventiva se faz necessária a fim de preservar higidez das provas a serem produzidas em juízo eis que, da leitura das peças. depreende-se que o representado vinha utilizando sua influência para se manter impune ao longo de vários anos”, decidiu o juiz.

O magistrado ainda determinou a busca e apreensão de objetos em dois endereços de José Hilson nas cidades de Fortaleza e Uruburetama. A medida é para apreender computadores, celulares, tablets, HDs externos, CDs e DVDs gravados, receituários médicos, prescrições, agendas de consultas, além de outros objetos relacionados ao acusado.

Denúncias contra o médico

José Hilton de Paiva filmava os crimes com câmera escondida, sem o consentimento das pacientes. Profissionais da Associação Médica Brasileira assistiram aos vídeos e afirmam que o caso se trata “claramente” de “estupro das pacientes”.

Após as denúncias, os órgãos reagiram às acusações contra o prefeito:

Médico e prefeito de Uruburetama filmava pacientes enquanto cometia abusos sexuais — Foto: Reprodução/TVM

Médico e prefeito de Uruburetama filmava pacientes enquanto cometia abusos sexuais — Foto: Reprodução/TVM

Conforme as vítimas, José Hilton abusa das pacientes desde a década de 1980. As primeiras denúncias ocorreram em 1994, mas o caso foi arquivado. Várias mulheres afirmaram que não denunciaram por medo ou porque dependiam do prefeito para manter emprego ou ter acesso a serviços públicos.

Em 2018, quatro mulheres voltaram a denunciar Hilson de Paiva por abuso durante atendimento ginecológico. O juiz arquivou o caso, e as mulheres foram obrigadas a pedir desculpa ao prefeito para evitar serem processadas por calúnia e difamação.

O MPCE informou que, depois da divulgação dos primeiros vídeos, em março de 2018, e após ouvir quatro mulheres que se identificaram como vítimas do então prefeito, a Promotoria de Justiça de Uruburetama instaurou uma investigação.

Em seguida, o órgão solicitou informações à Polícia Civil, que resolveu abrir o inquérito policial, concluído em dezembro de 2018. A polícia, no entanto, sugeriu o arquivamento do caso. O MPCE requisitou novas provas à polícia.

G1
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