Ao criticar a reforma trabalhista durante evento Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira, o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, foi vaiado por parte da plateia de empresários. A reação negativa dos industriais ocorreu quando Ciro afirmou que iria rediscutir pontos da reforma trabalhista com as centrais sindicais. O pedetista não deixou as vaias sem resposta.
– Pois é, vai ser assim mesmo. Se quiserem um presidente fraco, escolham um desses que vieram aqui com conversa fiada. Não vim aqui buscar simpatia. E ninguém fará reforma com antagonismo com o mundo do trabalho – disse.
Ciro desagradou a plateia ao dizer que, em relação à reforma trabalhista, ele tinha um “compromisso com as centrais sindicais de trazer essa bola de volta para o meio de campo”, o que foi lido pelos empresários como um sinal de que, caso eleito, ele venha a revogar pontos considerados importantes pelo empresariado.
Diante das manifestações, Ciro disse ainda que “confiança não é simpatia” e aproveitou para alfinetar o pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles, dizendo que havia prestado atenção na fala do ex-ministro da Fazenda e que parecia que Meirelles estava “em Marte”. Ao encerrar a fala, Ciro pediu desculpas por ter sido “um pouco veemente” na fala e acabou aplaudido pelos empresários.
Depois de ser vaiado, Ciro pediu que os empresários pensassem um pouco, citando problemas reais dos brasileiros, como os enfrentados na área da Saúde.
– Só ganhar dinheiro é coisa importante, mas vamos pensar no país – disse Ciro, agora sendo aplaudido.
Durante sua fala, o pedetista foi aplaudido quando criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Ministério Público, que estariam, na avaliação dele, exorbitando funções.
– Vamos ter clareza: o Judiciário precisa voltar ao seu quadrado, o Ministério Público precisa voltar ao seu quadrado. Parece que Brasília virou uma espécie de babel. Ninguém respeita o quadrado do outro, não há segurança jurídica. Nunca vi uma crise tão complexa, intrincada e multifacetada – disse.
Depois de encerrar sua participação no evento, Ciro deu entrevista coletiva e continUou falando de Supremo. Ele disse que a Corte tem legislado com maior frequência porque há um vácuo de poder. Quando o Congresso não legisla, o Judiciário age, explicou ele.
– O colapso do poder político democrático, pela pela desmoralização do presidente da República, pela desmoralização da maioria do Congresso, tem permitido essa intrusão completamente descabida (do Judiciário) – disse.
Ciro também comentou as vaias que recebeu e reafirmou suas críticas à reforma trabalhista.
– Fui vaiado por uma pequena fração, que depois percebeu que tinha feito uma indelicadeza desnecessária. Mas não estou um pingo incomodado pelo fato de receber agressão pelo fato de defender trabalhador. Essa reforma trabalhista, da forma como foi feita, é uma selvageria — disse.
Perguntado sobre o fato de ter sido vaiado enquanto o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, foi aplaudido, ele respondeu:
– Repare, isso é um sinal dos tempos. Teria muita vergonha de bater palma para o Bolsonaro – disse.
O GLOBO