Um cartaz afixado em um poste na avenida Angélica, em São Paulo, apresentava uma pediatra como a “melhor opção de divertimento” sexual da região. Além do telefone particular, havia ainda no panfleto uma foto da médica.
“Médica & Puta!! Vadia, safada, dou + a buceta que like”, dizia o panfleto. “Não é fake!”, garantia o cartaz, que trazia ainda o email e o número do CRM da profissional.
A médica, alvo dos ataques, ficou sabendo do cartaz por uma amiga que recolheu o material quando saia do plantão, no último dia 23 de junho. Não era, porém, o fim do problema.
Outros panfletos, com teor semelhante, foram encontrados nos dias seguintes por colegas da pediatra em ao menos quatro pontos distintos da capital, todos próximos a hospitais que a médica também trabalhava.
Foi, então, que ela procurou a polícia para denunciar o fato.
Conduzido ao distrito, o ex-marido confessou ter espalhado os cartazes, segundo ele em um momento de raiva, mas disse que estava arrependido e até estaria recolhendo o material que encontrava.
À Folha, A.A.R. admite ter produzido o material, embora em quantidade muito menor que a polícia diz (não precisou quantos), já que não teria dinheiro para mandar produzir um volume desse. “Estou contando moedas”, disse ele.
O ex-marido disse que resolveu produzir os cartazes para tentar devolver a ex-mulher uma série de humilhações sofridas por ele desde a separação, no dia 1º de maio, depois quase sete anos juntos.
“Dia 30 de abril eu era o cara [data de aniversário dele]. Com declaração e tudo no Facebook. E, no dia 1º, eu estava fora de casa. Não valia nada, era um bandido. E eu não tinha feito nada contra ela, traição, nada”, disse.
Entre as humilhações sofridas, conta, estavam cobrança por dinheiro e desrespeito de acordos feitos na visita da filha deles. “Errei. Não reagi da maneira correta. Quando você fica acuado, você faz merda. Qualquer ser humano, você, eu, o juiz, o delegado. Temos um limite. Fui acuado, acuado, até fazer besteira”.
De acordo com a polícia, o ex-marido foi liberado após prestar depoimento. A informações prestadas por ele serão anexadas ao inquérito que apura difamação.
Procurada, a médica disse que não poderia comentar o assunto por orientação da advogada criminal.