Apesar de ter acontecido há 10 meses, a história da Maria Vandelice de Bastos começou a ganhar a atenção nacional nesta semana. Ela foi separada do neto, Matheus da Silva Bastos, quando os dois tentaram entrar nos Estados Unidos, através de um posto de entrada na divisa com o México. Desde então, ela não o viu mais e tampouco sabe onde ele está.
As informações são do advogado de Maria, Eduardo Beckett, o qual afirmou também que o garoto, que tem 16 anos de idade, sofre de epilepsia grave e é autista. Os dois foram separados quando chegaram ao Santa Teresa Port, próximo ao Novo México. A dupla disse aos agentes federais que procuravam asilo.
Embora Vandelice de Bastos tenha passado por uma análise padronizada para tais alegações, conhecida como uma “entrevista de medo”, ela e seu neto foram logo separados.
Enquanto ela está em um centro de detenção federal em El Paso, Matheus está a mais de dois mil quilômetros de distância, em um centro em Connecticut.
Apesar das alegações da administração Trump a história de que os agentes estão separando famílias que atravessam a fronteira em busca de asilo começou recente, o caso da brasileira mostra que isso não é verdade. Além disso, registros judiciais provam que os cuidadores de Matheus, em dois estados diferentes, solicitaram que os funcionários federais o reunissem com sua avó.
Eduardo Beckett disse que sua cliente relatou para as autoridades, durante sua entrevista de medo, que ela e seu neto fugiram do Brasil depois que policiais a ameaçaram por expor o que ela disse serem as condições horríveis na escola em que seu neto participou. “Ela fez barulho, foi à polícia e ao promotor e depois à imprensa. O diretor foi demitido e ele tinha um irmão que é policial”, disse. “Então, o policial fez uma visita e disse a ela: ‘Vamos ver o que acontece com você’. Essa é a história dela em poucas palavras”.
Logo após a chegada, Vandelice e Matheus foram separados e, desde então, ele está sob custódia de diferentes organizações que cuidam de crianças imigrantes. Apesar de ter documentos do Brasil que a identificaram como guardiã legal de Matheus, ele foi classificado como menor desacompanhado porque sua avó foi considerada uma imigrante inadmissível pelos funcionários do ICE, de acordo com uma cópia do relatório do Departamento de Segurança Interna.
“Ela nunca mentiu”, disse o advogado ressaltando que sua cliente já teve um visto para visitar legalmente os Estados Unidos. Durante anos, ela foi autorizada a entrar e sair de seu país natal e o fez livremente até ser detida por funcionários do CBP no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em new York, no ano de 2007.
De acordo com o advogado, ela admitiu ter trabalhando como babá e recebido US$300 por semana, sem ter autorização de trabalho. Isso provocou a sua deportação. “A única coisa incomum que ela fez foi admitir e contar a verdade”, disse.
Depois disso, a brasileira passou um período no Brasil e ano passado tentou retornar ao EUA, passando pela fronteira e solicitando o asilo. O seu advogado espera que o caso sensibilize as autoridades e que avó e neto possam se reunir novamente.