Um ex-vereador de Agrolândia, Santa Catarina, divulgou vídeos nas redes sociais maltratando e matando duas onças-pardas em uma floresta da Mata Atlântica. Atualmente servidor da Secretaria de Obras, Lauri Sutil Narciso estava sob autorização para portar armas de fogo e fazer o controle de javalis na região. Os animais mortos correm risco de extinção.
Em um dos vídeos, o ex-vereador aparece segurando a cabeça de um filhote de onça, se vangloriando do feito. Já em outro, ele próprio faz a gravação enquanto percorre uma mata em direção a outro bicho, que estava cercado por cachorros. Quando Narciso os encontra, entrega aparelho para outra pessoa gravá-lo, e depois efetua disparo.
Em Santa Catarina há uma licença para caçadores portarem armas de fogo, com objetivo de fazer o controle de javalis – espécie invasora considerada praga no País.
Narciso, porém, fez uso da licença para caçar animais silvestres, de acordo com Leonardo Tomaz, chefe de fiscalização do Ibama em Santa Catarina, ouvido pelo Estadão. Leonardo informa ainda que o ex-vereador cometeu outros dois crimes, além do abate e da utilização indevida da autorização.
“Entendemos que, ao efetuar a filmagem e encaminhá-la em rede social, Narciso usou de modo indevido imagem de animais silvestres se vangloriando dos maus-tratos”, complementou.
O Estadão tentou contato o ex-parlamentar, mas foi informado pelo filho José Nilson Sutil, que Narciso estava em uma fazenda, sem telefone, não podendo ser encontrado. Ele assegurou que o vídeo foi gravado há três ou quatro anos, mas que veio “rodando” até agora na internet. “E tem tanta gente que mata, estupra, rouba e não vai pra cadeia e ele vai ser julgado por matar onça?”, disse.
Reação
Os vídeos geraram revolta e reforçaram a campanha contra um projeto de lei de autoria do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), em tramitação na Câmara dos Deputados, que regulamenta a caça de animais silvestres no Brasil.
Punição
Agentes do Ibama, em conjunto com a Polícia Militar, identificaram e autuaram Narciso, e outros caçadores que participaram do vídeo, em R$ 743,5 mil, por maus-tratos e a morte dos animais.
Outras polêmicas
Segundo o Observatório de Justiça e Conservação, juntamente com outros vereadores de Agrolândia, Narciso esteve envolvido em escândalo de servidores públicos que viajaram a lazer para Foz do Iguaçu. O “passeio” teria servido para fazer compras no Paraguai com dinheiro público. O desvio foi calculado em R$ 11.741,44.