Doria propõe ir à China buscar insumos para a Coronavac

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a direcionar críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira (20) durante o ato que deu início a vacinação para Covid-19 nos Hospital dos Estivadores, em Santos, no litoral sul paulista.

Questionado sobre a possibilidade de não conseguir respeitar o cronograma de datas previstos para a primeira fase da vacinação, Doria fez uma espécie de apelo, pedindo que integrantes do alto escalão do governo melhorem a relação diplomática com a China, principal responsável pela importação de insumos para a produção as vacinas.

“Tratem bem a China. Respeitem a China. É ela quem faz os insumos para salvar a vida de brasileiros. É hora da vida, da vacina e, se necessário, eu iria pra a China buscar um acordo, sim”, disse Doria.

O governador já declarou que espera em até 48 horas uma resposta do governo chinês favorável ao envio de insumos utilizados para o envase das doses da Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac.

“Precisamos das vacinas, de todas elas, mas, também, de insumos produzimos pela China, país com o qual mantemos uma relação respeitosa do ponto de vista econômico, científico e diplomático”, explica Doria.

“Volto a reafirmar, se necessário for, mesmo com o bom entendimento com as autoridades chinesas no país, irei a China pleitear insumos não apenas para o Butantan, mas para todos. Temos que estar unidos em torno da vacina”, completa.

De acordo com o governador, mais de 13 mil profissionais da saúde já foram vacinados até a manhã desta quarta. Ele diz que, diferente do governo federal, o estado comprou ainda em setembro insumos e equipamentos necessários para realizar a primeira fase da vacinação.

Ao todo, foram contratados 46 milhões de doses, sendo seis milhões liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Já há outro pedido para liberação de mais 4,8 milhões de doses já em solo brasileiro foi feito à Anvisa.

“Nós temos quase 5 milhões de doses disponíveis, aguardando esse aval. Cremos que até sexta-feira devem aprovar, isso é o protocolo. O Butantã tem todas as condições de realizar, pelo menos, 1 milhão de doses por dia. Vamos disponibilizar a vacina para todos os brasileiros, mas, para isso, precisamos que o Ministério da Saúde cumpra em pagar pela vacina, esse é o procedimento normal”, afirma.

O presidente Bolsonaro, por sua vez, já fez uma série de referência irônicas a produção de vacinas pelo país asiático, exaltando o acordo feito pelo governo com a Universidade de Oxford. O político criticou as circunstâncias do acordo do Butantã, chegando a afirmar que o governo federal não compraria a vacina. Em uma rede social, chamou o imunizante de “vacina chinesa de João Doria”.

“Precisamos das vacinas, pode ser até a Oxford, da Universidade de Oxford, mas saiba que ela também tem seus insumos produzidos na China”, criticou Doria.

“Onde estão as outras vacinas? As milhões prometidas pelo governo federal? Não temos vacina nenhuma, só a do Butantã. Lutamos contra um governo negacionista, que despreza vidas, que não tem interesse algum em atender a população”, acrescentou.

Em Santos, a enfermeira-chefe Almira Dias Marques, 56, foi a primeira a ser vacinada. A profissional contou que contraiu a doença em março, mas apresentou apenas sintomas leves. Além de Almira, mais duas mulheres, uma auxiliar de enfermagem e uma médica, também foram escolhidas para iniciar o ciclo de vacinação.

“Foi como um presente. Fiquei honrada pela classe de trabalhadores. Estou feliz, aliviada por pessoas que estão aqui no dia a dia, 24 horas se dedicando. Algo marcante na minha vida, tivemos perdas e algumas vitórias, e esse momento foi um deles”, afirma Almira.

Santos é a cidade no litoral com o maior número de doses armazenadas: 9.560, ao todo. São Vicente, Cubatão e Praia Grande também iniciam a vacinação nesta quarta, enquanto outras cidades como Itanhaém, Peruíbe, Mongaguá, Cubatão e Guarujá ainda não tem programação oficial.

Além de Santos, o governador também participou nesta quarta-feira da vacinação no Hospital Regional em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
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