Demissão da assessora Wal vale como confissão de corrupção Bolsonaro

Sete meses depois de ter sido pendurada nas manchetes como funcionária fantasma do gabinete parlamentar de Jair Bolsonaro, Walderice Santos da conceição, a Wal, foi enviada ao olho da rua nesta segunda-feira. Seu afastamento tem o peso de uma confissão tácita de Bolsonaro, que assegurava a regularidade da contratação da pseudo-assessora e negava o desperdício de dinheiro público.

Bolsonaro abrigou Wal na folha da Câmara por 12 anos. No papel, ocupava a função de ”secretária parlamentar”. Custava R$ 1.351,46 por mês ao contribuinte. Mas dava expediente numa lojinha chamada Wal Açaí, na vila praiana de Mambucaba, a 50 km de Angra dos Reis (RJ). Segundo Bolsonaro, Wal pediu para sair.

O afastamento ocorre quatro dias depois do debate presidencial em que Guilherme Boulos, o presidenciável do PSOL, inquiriu: ”…Quem é a Wal, Bolsonaro?” Pela enésima vez, o capitão negou que a personagem recebesse do erário sem dar expediente em seu gabinete.

Bolsonaro foi desmentido novamente pela reportagem da Folha, que testemunhou nesta segunda-feira a presença de Wal atrás do balcão de sua lojinha de Açaí. Ouvida, ela disse que cabe a Bolsonaro explicar a anomalia. E o candidato: ”O crime dela foi dar água a cachorros.”

Moradores de Mambucaba afirmam que o marido de Wal, Edenilson, trabalha como caseiro numa propriedade do presidenciável do PSL. No debate da TV Bandeirantes, Boulos dissera que ele ”cuida dos cachorros do Bolsonaro.”

Os apologistas de Bolsonaro costumam chamá-lo de “mito”. Como se sabe, mitos são criações surgidas de narrativas fantasiosas, com traços sobrenaturais. No caso de Bolsonaro, a realidade é mais incrível do que a lenda. É como se a perfeição e a ambição tivessem encontrado num projeto político para dar à luz não um mito, mas um mitômano.

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