China, Indonésia e Etiópia suspendem utilização do Boeing 737 MAX 8 após acidente

As autoridades de aviação da China e da Indonésia ordenaram que as companhias aéreas suspendessem a utilização dos aviões Boeing 737 Max 8 depois que um modelo desses caiu na Etiópia, matando todas as 157 pessoas a bordo.

A companhia Ethiopian Airlines também anunciou que interrompeu “por precaução” a utilização desse modelo após a queda da sua aeronave no domingo (10).

Etiópia encontra caixas-pretas do avião que caiu com 157 a bordo

Etiópia encontra caixas-pretas do avião que caiu com 157 a bordo

A Gol é a única companhia aérea brasileira que utiliza o Boeing 737 MAX 8 e já opera com sete aviões do modelo preferencialmente em rotas para os Estados Unidos, América do Sul e Caribe. A empresa disse  que acompanha as investigações sobre o acidente e que, por enquanto, não cogita a suspensão de voos.

A Agência Nacional de Aviação Civil do Brasil (Anac) informou que acompanha as investigações. A agência emitiu um relatório de avaliação operacional próprio para avaliar exclusivamente as condições técnicas e operacionais desse modelo e suas variantes. As informações são utilizadas para treinamento de pilotos.

Foi o segundo acidente em 5 meses com este modelo, que é a versão mais recente do avião comercial mais vendido no mundo. No fim de outubro de 2018, 189 pessoas morreram em um voo da indonésia Lion Air.

Após a queda do 737 MAX 8 na Indonésia, a comunidade aeronáutica passou a questionar a falta de informação das companhias e dos pilotos sobre seu novo sistema de aviso de entrada em perda de sustentação, informa a agência AFP.

Destroços do avião da Ethiopian Airlines são vistos perto da cidade de Bishoftu, sudeste de Ades Abeba, nesta segunda-feira (11)  — Foto: Tiksa Negeri/ Reuters

Destroços do avião da Ethiopian Airlines são vistos perto da cidade de Bishoftu, sudeste de Ades Abeba, nesta segunda-feira (11) — Foto: Tiksa Negeri/ Reuters

China

A Administração de Aviação Civil da China disse que ordenou às companhias aéreas que pousassem todas as aeronaves 737 Max 8 a partir das 18h desta segunda-feira no horário local (7h, no horário de Brasília), obedecendo o princípio de “tolerância zero para riscos de segurança”.

A Administração da Aviação Civil da China informou em comunicado que avisaria as companhias quando os voos poderiam ser retomados. De acordo com o órgão, será necessário entrar em contato com a Boeing para obter mais informações.

“Dado que os dois acidentes envolveram dois modelos Boeing 737 MAX 8 entregues recentemente e que ocorreram durante a fase de decolagem, há algum grau de semelhança”, afirmou Administração da Aviação Civil da China.

Segundo a AO, a China Southern Airlines é um dos maiores clientes da Boeing para esse modelo de aeronave.

Equipe com investigadores retira nesta segunda-feira (11) pneu do local do acidente com voo da Ethiopian Airlines Bishoftu  — Foto: Tiksa Negeri/ Reuters

Equipe com investigadores retira nesta segunda-feira (11) pneu do local do acidente com voo da Ethiopian Airlines Bishoftu — Foto: Tiksa Negeri/ Reuters

Indonésia

A diretora geral de transporte aéreo da Indonésia, Polana B. Pramesti, disse que a determinação para os aviões do modelo 737 Max 8 não decolassem para que fossem inspecionados foi tomada para garantir a segurança e garantir que as aeronaves estejam em boas condições de vôo.

Atualmente, a Indonésia tem 11 aviões desse modelo. Dez deles são operados pela Lion Air e um pela companhia aérea nacional Garuda.

Queda de avião na Etiópia — Foto: Juliane Monteiro e Igor Estrella/G1

Queda de avião na Etiópia — Foto: Juliane Monteiro e Igor Estrella/G1

Etiópia

Um porta-voz da Ethiopian Airlines, Asrat Begashaw, disse que a companhia aérea suspendeu a utilização dos seus quatro aviões 737 Max 8 até novo aviso como uma “precaução extra de segurança”, segundo a Associated Press. A companhia aérea utiliza cinco aviões novos desse modelo e aguardava a entrega de mais 25.

Avião novo

O Boeing 737 MAX 8 caiu no domingo (10) perto da cidade de Bishoftu, 62 km a sudeste de Adis Abeba, logo após decolar.

“O piloto mencionou que teve dificuldades e que queria voltar [a Adis Abeba]”, afirmou o presidente da companhia aérea, Tewolde GebreMariam Medhin. Os controladores, então, “autorizaram-no” a dar meia-volta e retornar.

“Nós recebemos o avião em 15 de novembro de 2018. Ele voou mais de 1,2 mil horas. Havia voado de Joanesburgo [na África do Sul] mais cedo esta manhã”, afirmou o CEO da Ethiopian Airlines. O piloto tinha mais de 8 mil horas de voo, segundo autoridades da companhia em coletiva.

Pessoas caminham sobre o local de acidente aéreo na Etiópia — Foto: Tiksa Negeri/Reuters

Pessoas caminham sobre o local de acidente aéreo na Etiópia — Foto: Tiksa Negeri/Reuters

“Como eu disse, é um avião novo em folha, sem registros de problemas técnicos, comandado por um piloto sênior, e não há nenhuma causa à qual possamos atribuir [o acidente] neste momento”, disse o presidente da empresa aérea.

As caixas-pretas do avião foram encontradas, informou a companhia Ethiopian Airlines nesta segunda-feira (11). Os gravadores de dados de voo digital e de voz da cabine podem ajudar a esclarecer a tragédia.

O avião levava 149 passageiros e 8 tripulantes. Segundo lista divulgada pela companhia, havia passageiros de mais de 30 nacionalidades diferentes. Havia quenianos, etíopes, norte-americanos, canadenses, franceses, chineses, egípcios, suecos, britânicos, holandeses, indianos, eslovacos, austríacos, suecos, russos, marroquinos, espanhóis, poloneses e israelenses.

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