Primeiramente, este é o bordão de Bambola. Seja onde estiver, dia ou noite, ela manda sempre este cumprimento a seus fãs. Na maior parte das vezes na companhia da cachorrinha, Wendy Star, sua “filha”. Nem sempre dentro do enquadramento correto. Mas tá valendo.
Desde que viralizou, Bambola ganhou muitos seguidores. Entre eles Pabllo Vittar, Solange Almeida, Miguel Falabella, Marco Luque, entre outros. Todos a imitam. Mas Bambola, a original, tem lá suas peculiaridades. A travesti é uma referência para o mundo LGBT na Itália.
Através da Star Eventos, promove concursos de Miss Trans e várias festas bombadas na região da Toscana, onde vive. O aniversário de Bambola, em 2 de agosto, é sempre um acontecimento. Do tipo apoteótico, quando usa roupas para lá de ousadas e chamativas, sempre carregada por homens belos e musculosos.
Infância na aldeia do Acre
Mas o luxo e glamour que ostenta em seus vídeos nem sempre fizeram parte da vida de Bambola. A hoje artista e empresária nasceu numa tribo do Acre. “Venho do Brasil, do município de Tarauacá, no Acre, uma aldeia localizada no coração da floresta amazônica. Minhas origens são indígenas, exatamente de Igarapé do Caucho e minha tribo é dos Índios Kaxinawá. Mamãe e papai morreram quando eu era criança, mas ainda há três dos meus irmãos morando lá”, contou ela a revista italiana “Ilpiccole Magazine”.
Ainda muito pequena, Bambola, que não chega a revelar seu nome original, começou a perceber que era diferente dos outros índiozinhos. “Aos 11 anos, decidi deixar a floresta e procurar outro lugar para o meu destino. Foi uma decisão dolorosa, mas senti que tinha que viajar por essa estrada, não conseguia expressá-la vivendo na aldeia. Lá, eu não tive a oportunidade de estudar, não havia escola e eu era analfabeto. A partir do momento em que saí, viajei pelo Brasil em busca de estabilidade, até chegar no Rio de Janeiro”, recorda.
Fome e pobreza no Rio de Janeiro
A Cidade Maravilhosa não foi , digamos, amistosa com Bambola. “Vivi muito tempo debaixo das pontes, na rua, com outras crianças como eu. Éramos meninos de rua, na maioria órfãos ou de famílias devastadas pelas inaceitáveis condições de vida das favelas. Foi uma época muito difícil”, emociona-se: “Felizmente, um dia, conheci uma trans que me levou sob sua asa e me ajudou a ter uma melhor condição de vida”.
Aos 17 anos, Bambola foi para Roma, na Itália. Por lá, conheceu um diretor e entrou para a indústria pornô. É possível encontrar fotos dela em sites de prostituição. Mas seu suposto perfil está desativado há dois anos. “Eu conheci muitas pessoas e fiz uma imagem e um nome. Graças também ao meu bom caráter, recebi muitos convites para participar de competições, eventos e aniversários”, enumera ela, que antes atendia como Moana Close.
Velhice no Brasil
Ainda que esteja na Europa há mais de 28 anos, Bambola espera passar a velhice em solo brasileiro: “Eu amo a Itália e os italianos. É um país que me deu tanto e sou muito grato, mas minha natureza é essa. Apesar de ter vivido no conforto até agora, não acho que seja um problema voltar às minhas origens. É preciso seguir o coração”.