Segundo a Airbus, 17 aviões ainda serão produzidos —14 para a Emirates e três para a japonesa ANA, que surpreendeu o mercado ao encomendar esses modelos para rotas entre o Japão e o Havaí. O último será entregue em 2021.
“É uma decisão dolorosa para nós. Investimos muitos esforços, muitos recursos, muito suor… mas obviamente precisamos ser realistas”, disse o CEO da Airbus, Tom Enders, na entrevista coletiva em que o fim do A380 foi decretado.
A fabricante informou que vai entrar em contato com os sindicatos nas próximas semanas para definir o destino dos cerca de 3.500 funcionários potencialmente afetados.
Como costuma ocorrer com os aviões da Airbus, a produção de partes do A380 ocorre em fábricas espalhadas pela Europa —trechos da fuselagem e o estabilizador vertical são montados em Hamburgo (Alemanha) e em Saint-Nazaire (França), o estabilizador horizontal em Cádiz (Espanha) e as asas em Broughton (Reino Unido). A montagem final ocorre na sede da Airbus, na cidade francesa de Toulouse.
O primeiro voo ocorreu em 2007, com a Singapore Airlines —que no ano passado devolveu dois A380 que começaram a ser desmontados, em outro mau augúrio para o modelo.
“Havia especulações de que nós estávamos dez anos adiantados. Acho que está claro que estávamos dez anos atrasados”, afirmou Enders, o CEO da Airbus.
Estima-se que a Airbus tenha investido R$ 100 bilhões no desenvolvimento do Super Jumbo, construído para superar o 747, lançado em 1968 pela Boeing e que mudou a aviação ao popularizar as viagens intercontinentais.
Ao contrário do 747, que representou um salto de 250% na capacidade de passageiros em relação ao maior avião da época, o A380 trouxe um ganho de 35%. Lotar um voo em uma aeronave dessa envergadura na baixa temporada mostrou-se complicado.
A Emirates, que construiu sua frota tendo o A380 e o Boeing 777 como espinha dorsal, sustentou o programa nos últimos anos, dando uma sobrevida em janeiro de 2018 ao anunciar a encomenda de mais 36 aeronaves.
Mas até ela começou a trocar o Super Jumbo por aviões menores e mais eficientes. A companhia detalhou nesta quinta a encomenda de 40 A330-900neo e 30 A350-900 —com fibra de carbono na fuselagem, este é considerado o avião mais moderno do portfólio da Airbus.
“Enquanto estamos desapontados em desistir da nossa encomenda e ver que o programa não pode ser sustentado, aceitamos que esta é a realidade da situação”, afirmou o chairman da Emirates, o xeque Ahmed bin Saeed al-Maktoum.
Segundo a Emirates, o A380 seguirá o pilar da frota até a década de 2030.